Brasília, o Relatório Cruls e a Saúde

Três anos depois de decretada a República o Governo Federal organizou uma comissão para visitar e explorar o Planalto Central do Brasil e nele demarcar a área que seria reservada ao futuro Distrito Federal. Luis Cruls, um cientista belga, vivendo no Brasil  já havia duas décadas era o chefe da missão. Astrônomo, engenheiro e também professor de Geologia, dirigia o Observatório Nacional, tendo certo prestígio com a publicação de trabalhos sobre astronomia.  Para a realização da missão, contou com o apoio de A. Glaziou, botânico diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sendo  convocados também astrônomos, médicos, farmacêuticos, botânicos, geólogos e pessoal auxiliar, num total de 22 integrantes.   

A finalidade da expedição não era simplesmente a demarcação de uma área, mas a produção de um diagnóstico científico da região que deveria abrigar a futura capital.  Em meados de 1892 a expedição partiu do Rio de Janeiro, primeiro de trem e depois à cavalo.  A viagem durou cerca de nove meses. O diagnóstico feito se encontra no Relatório Cruls, relato da viagem e prestação de contas da execução dos objetivos da missão.

Sobre tais acontecimentos existe, uma dissertação de mestrado realizada no Departamento de História da Universidade de Brasília, de autoria de Roberta Jenner Rosas (irmã do saudoso sanitarista Eric), intitulada Olhares científicos sobre o Sertão: As expedições científicas para Goiás – 1890 1920. Compartilho o  trabalho com os nossos leitores, dado seu objetivo de “estudar o processo de interiorização do sanitarismo no Brasil no período entre 1890 a 1930, isto é, a  partir  das expedições  que o Instituto Oswaldo Cruz e o Ministério de Obras Públicas enviaram ao Brasil Central nas primeiras décadas desse século”.  Constata-se, entre muitas outras observações, que ali ocorreu a emergência de um  novo paradigma científico, oposto ao antigo,  dito pastoriano, dentro do qual  as condições de vida do sertão foram valorizadas, surgindo assim uma nova visão do país, além de uma proposta de reforma sanitária, que penetrou, paulatinamente, no aparelho de estado, produzindo ações de saúde concretas em período posterior.

Acesse aqui o texto completo da dissertação de Roberta Rosas: ROBERTA ROSAS PDF

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