Ainda a “conversão”…

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal orgulhosamente divulga sua integração à iniciativa da Organização Pan-Americana da Saúde denominada Laboratório de Inovação em Atenção Primária à Saúde – APS Forte, desenvolvido em conjunto com as secretarias de saúde de Porto Alegre e Teresina, com apoio do Ministério da Saúde. É justa tal comemoração, que significa a possibilidade de divulgar por todo o país e mesmo fora dele o rumo das mudanças na atenção primária local (Estratégia Saúde da Família) em nossa cidade, em vias de expansão para parcelas cada vez maiores da população, seguindo as tendências de melhores práticas baseadas em evidências científicas relativas à organização da atenção à saúde. Atualmente, cerca de dois terços da população brasileira está coberta pela Saúde da Família. No DF, entretanto, a expansão foi tardia, pois ainda em 2015 a cobertura populacional era de apenas 28%, porém alcançando 65% já em junho de 2018.

Tal “conversão”, já comentamos aqui neste blog, embora não seja de natureza religiosa, envolve certamente aspectos culturais e simbólicos. Mas como bem se sabe, mexer nesta área costuma ser um processo lento, custoso e de sustentabilidade nem sempre garantida. Mas sem dúvida pode ser considerada uma iniciativa meritória. Caberia, no mínimo, perguntar se alguém tem uma proposta melhor…

Mas há questões a debater… A principal delas é o pouco tempo que resta antes da mudança de governo (pode ser que não ocorra… mas é sempre um risco). Isso pode comprometer um processo dessa envergadura. É preciso saber também se os “convertidos”, cristãos-novos até ontem vinculados a velhas práticas, possuem motivação autêntica para terem aceitado o processo ou se estão agindo por interesses mais particulares, por exemplo, vontade de permanecerem na área geográfica onde já prestavam serviços, por comodidades pessoas ou familiares.

Uma confusão conceitual que perturba o cenário é a defesa que alguns fazem de que as antigas unidades, os tradicionais Centros de Saúde existentes aqui desde a fundação da cidade, fazem ou faziam basicamente a mesma coisa que as Unidades de Saúde da Família, por isso bastaria retornar a eles. Isso é um equívoco, como demonstramos aqui no blog há bem poucos dias (ver: https://saudenodfblog.wordpress.com/2018/09/06/centros-de-saude-tradicionais-x-unidades-de-saude-da-familia-e-tudo-a-mesma-coisa/)

Existem também questões por assim dizer “ambientais”, relativas ao costumeiro assédio político e corporativista que a ultra-fisiológica Câmara Legislativa do DF e os não menos razoáveis sindicatos de categorias, principalmente de médicos, costumam impor ao GDF… Mas para o bem de todos é melhor que dê certo, estamos torcendo para isso.

Vale a pena conhecer maiores detalhes sobre a referida conversão do modelo de Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal. Acesse o link: http://apsredes.org/seminario-atencao-primaria-saude-estrategia-chave-para-sustentabilidade-do-sus-apresentacoes-do-painelistas/

Há um documentário na web que registra as percepções, os desafios e as conquistas de gestores e profissionais de saúde da SESDF que possibilitaram tal expansão da Estratégia Saúde da Família no Distrito Federal. Assista-o no link a seguir: http://apsredes.org/expansao-da-estrategia-saude-da-familia-no-distrito-federal-e-registrada-pelo-laboratorio-de-inovacao-em-aps-forte/

Para conhecer o posicionamento anterior deste blog face a tal iniciativa da SES-DF, acessar: https://saudenodfblog.wordpress.com/2018/05/14/conversao-em-massa-do-df/

 

 

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