O novo Gestor da SES e as perspectivas para a Saúde no DF

Habemus Secretário! O nome dele é Osnei Okumoto e ele vem do Ministério da Saúde; e antes disso de Mato Grosso do Sul, que não por acaso é a origem do novo Ministro da Saúde também. Sua estampa sorridente de bom moço nissei está nos jornais e não posso deixar de admitir que ela inspira simpatia. Não é difícil, para nós brasileiros, aliás, apreciar os orientais, sejam eles Ono, Kim ou Li. Gente séria e trabalhadora, quase sempre. Pouco ou nada ainda se sabe sobre o recém anunciado Secretário, mas na entrevista que concedeu ao Portal G1 há coisas significativas, algumas positivas, outras nem tanto.

Em primeiro lugar, achei prudente sua declaração de que, a respeito do Instituto Hospital de Base, que seu chefe-governador já ameaçou extinguir, ele primeiro gostaria de tomar pé da situação antes de qualquer decisão – e que para tanto já tinha uma conversa marcada com o atual secretário, Humberto Fonseca. Parece óbvia e até obrigatória uma atitude assim, mas em se tratando da política brazilian way isso deve ser alvo de elogios. Melhor do que isso só se confirmar também em outros assuntos, por exemplo, a manutenção do acordo com o Icipe para o Hospital da Criança de Brasília.

Sua origem profissional nas Ciências Farmacêuticas também me parece positiva. Acho que isso vai lhe trazer problemas para se relacionar e se impor junto à corporação médica local, acostumada a certa soberania e arrogância frente à SES-DF. Mas sua face sorridente parece ser a de alguém que é bom de diálogo. Vejamos na prática. A favor dele, penso que o currículo das faculdades de farmácia é mais abrangente que o de medicina, por ser menos focado na doença, mas sim em aspectos mais gerais que incluem a pesquisa, a produção, o armazenamento, a logística e a distribuição dos fármacos. Isso, associado ao cargo de gestão que já ocupa no Ministério da Saúde,  certamente trará ao no Secretário mais traquejo na gestão da SES do que se fosse o nomeado, mais uma vez, um médico, ainda mais se egresso diretamente de um consultório ou de uma sala de cirurgia, como costuma acontecer. Mas haverá exceções de um lado e de outro, certamente.

Okumoto foi filiado ao PT por 16 anos! Em um momento de caça às bruxas como o que se vive no Brasil, isso não deixa de ser positivo, pelo menos para o Governador que o escolheu. De toda forma, ideologias à parte, as administrações do PT, principalmente nos municípios, costumam ser mais coerentes e produtivas, em matéria de saúde, do que as de outros partidos políticos. Com exceções, naturalmente…

Mas o novo Secretário – para não dizer que só tenho elogios para ele – me parece fascinado além da conta com as tecnologias. Nisso está muito próximo de Ibaneis, que faz menções reiteradas a elas em seu plano de governo. Não que as rejeite, mas acho que é preciso ir além deste “vigiar e punir”, o qual Okumoto enfatiza em sua entrevista, ao fazer propostas que ao meu ver confunde como estratégias de transparência. É preciso ir além disso, Secretário. O cenário está repleto de novas ideias e instrumentos concretos neste campo. Por exemplo, o prontuário eletrônico, o cartão magnético, as atividades de promoção de saúde através de mensagens de celular, as variadas estratégias de promoção de autocuidado usando este mesmo artefato, o telessaúde, os programas de avaliação de riscos, o rastreamento on-line de agravos etc. É preciso ampliar os horizontes, como o fizeram seus antepassados ao sair do Japão em busca de um mundo novo e desconhecido.

Mas além de sua demonstração de bom senso, de seu jeito de bom moço e de suas possíveis origens progressistas, Okumoto ainda tem que mostrar muito mais. Por exemplo, quais seriam suas propostas para a questão do Entorno? Sobre a descentralização operacional e financeira da SES-DF? Sobre o acompanhamento competente do orçamento da saúde, findando com a devolução de recursos não executados? Sobre as estratégias que lançará mão para enfrentar as diversas corporações sindicais em suas manhas maximizadoras sobre o erário (as quais fizeram do governador eleito um campeão de produtividade jurídica)? Sobre o real papel da Estratégia de Saúde da Família em sua gestão? Sobre a ocupação dos vazios assistenciais ainda prevalentes no DF? Etc (e bota etc nisso…).

Mas de toda forma, seja bem-vindo Okumoto! Todo sucesso em sua gestão, que nós todos merecemos. Banzai!

 

Uma resposta para “”

Deixe um comentário