Em número especial da revista Ciência & Saúde Coletiva, conforme já divulgado neste blog (ver link), especialistas da UnB, da UFG e da Codeplan-DF analisam a evolução da situação de saúde no Distrito Federal entre 2005 e 2017, comparando alguns indicadores com os da região Centro-Oeste e do país como um todo. Os números mostram que o DF apresenta melhoria na taxa de mortalidade infantil entre 2006 e 2016, de 18,3% para 10,3%, uma das menores do país. A detecção de AIDS apresentou tendência de queda (21,3%) no mesmo período, resultado também positivo quando comparado aos dados da região CO e do Brasil. Em relação tuberculose, constatou-se um dos menores coeficientes de incidência e mortalidade do país, bem abaixo da média nacional. Da mesma forma, na hanseníase ocorreu importante redução da taxa de detecção anual bem como de incapacidade. No caso da sífilis congênita em menores de um ano, ocorreu aumento nos últimos anos no Brasil, eCO, mas também no DF, com taxas de 2,56 e 4,7/1.000NV no período considerado. Qual a importância de tais informações? Veja a seguir.
Segundo palavras textuais dos autores: “Diante das análises demonstradas neste estudo, podemos deduzir que as condições de vida no DF são importantes para a diminuição da mortalidade infantil e o aumento da esperança de vida ao nascer. Se por um lado podemos atribuir no aumento da expectativa de vida a melhoria na qualidade de vida da população, por outro, o número de idosos leva a um incremento na quantidade de pessoas com necessidades especiais e cuidados prolongados demandando ao gestor público a elaboração de programas voltados a atender as necessidades de atenção à saúde dessa parcela da população. O controle das doenças transmissíveis deve ser prioridade na agenda pública com foco na vigilância, diagnóstico e tratamento oportuno, tendo em vista o ambiente no qual o DF está inserido sujeito a ocorrência de febre amarela, hantavirose e leishmaniose, pois muitas vezes com o aumento das doenças crônicas, as transmissíveis passam a ser negligenciadas. Investimentos na rede de transporte público devem ser priorizados de forma a impactar positivamente na diminuição no número de acidentes de trânsito na Capital, a exemplo do que ocorreu em países desenvolvidos. No que se refere à mortalidade, é certo que o investimento em programas de distribuição de renda e a melhoria das condições de vida da população mais carente ajudam na manutenção da tendência de queda da mortalidade e no aumento da esperança de vida ao nascer. A mortalidade infantil mantém a ten dência de declínio, atingindo níveis baixos no componente pós-neonatal e redução no componente neonatal, assim como a taxa de mortalidade materna. Mantida a tendência identificada a partir da análise da série histórica de indicadores apresentada nesse artigo, as projeções esperadas são: (1) A mortalidade por doenças cardiovasculares deverá manter sua tendência declinante, com redução da letalidade das doenças isquêmicas do coração. Esse declínio deverá acarretar um aumento de sua prevalência, que, no entanto, concentrando-se em grupos populacionais de idade mais avançada. (2) A incidência e a mortalidade por câncer seguirá estável, com mudança nos tipos de tumor e aumento da sobrevida de pacientes em acompanhamento continuado. Haverá redistribuição territorial dos acidentes de trânsito e das agressões, assim como de suas consequências de danos e mortes. O aumento desses eventos nas regiões NE e CO não compensará o declínio nas regiões S e SE. Assim, se faz necessário manter o investimento na ampliação da cobertura de atenção básica com foco em atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, bem como a manutenção dos processos de vigilância em saúde com o objetivo de identificar e proporcionar controles e ações adequadas às necessidades da população do DF”.
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Link para post anteriores sobre temas correlatos
- https://observatoriosaudedf.wordpress.com/2017/11/14/o-que-mata-mais-em-brasilia-e-no-mundo/
- https://observatoriosaudedf.wordpress.com/2017/09/03/de-que-se-morre-no-df/
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Veja o artigo completo:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v24n6/1413-8123-csc-24-06-2009.pdf
Os autores e respectivas instituições:
· Paulo Eduardo Guedes Sellera (https://orcid.org/0000-0002-9821-0545) 1
· Otaliba Libânio Morais Neto (https://orcid.org/0000-0002-3786-318X) 2
· Ana Maria Nogales Vasconcelos (https://orcid.org/0000-0001-7589-107X) 3
· Maria Beatriz Ruy (https://orcid.org/0000-0001-6509-4392) 1
· Luci Fabiane Scheffer Moraes (https://orcid.org/0000-0003-1034-3878) 1
· Soraya Oliveira dos Santos (https://orcid.org/0000-0002-2871-8415) 1
[1 Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. STN, Asa Norte. 70086900 Brasília DF Brasil. sellerapaulo@gmail.com 2 Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás. Goiânia GO Brasil. 3 Companhia de Planejamento do Distrito Federal. Brasília DF Brasil]

