O Conselho Federal de Medicina e o Bolsonarismo

Meu amigo (há mais de 60 anos) Eduardo Guerra, também médico como eu e que já foi presidente do CRM-DF, sub Secretário de Saúde, além de outros cargos, preocupado com o andamento da escalada de ultradireita no movimento médico do país, inclusive em seu organismo principal, o Conselho Federal de Medicina, me manda um texto bastante elucidativo de sua autoria, sobre esta situação preocupante, não só para nós médicos como para a sociedade brasileira como um todo e a Democracia em geral, que prazerosamente reproduzo abaixo.

Considerações sobre as eleições para o CFM em 2024 – Vereda Saúde (veredasaude.com)

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Mais descentralização, mais democracia?

Aproximam-se as eleições municipais e nós no DF estaremos de fora. Um dia ainda hei de entender por que não somos um município brasileiro e sim este pseudo-estado (que não é uma coisa e nem deixa de ser a outra…). Mas vamos ao assunto do dia: descentralizar (a saúde ou outra política pública) sempre significaria trazer mais democracia ao cenário? Para começar é bom lembrar: a expressão “municipalização da saúde”, tão cara aos defensores do SUS, simplesmente NÃO faz parte Constituição, onde se fala na verdade em um termo mais aberto: descentralização. Mas de há muito a militância da saúde se apegou ao primeiro termo, chegando até mesmo a cunhar aforismos como: “todo poder aos municípios”, ou também, “municipalização é o caminho”, que entretanto precisam ser relativizados. Haveria diferenças entre uma coisa e outra? Vamos começar por uma questão básica: descentralizar se correlacionaria diretamente com democratizar? Assim como o melhor estado de saúde da população não implica, necessariamente, em se dispor de um regime democrático, também o par de conceitos democratização e descentralização não mantêm entre si uma correspondência biunívoca. Na verdade, existem dúvidas sobre a capacidade dos processos habituais de descentralização, ainda mais em um país como o Brasil, implicarem em redução real das funções (e do poder) do governo central, geralmente mais autoritárias. Pelo contrário, a experiência brasileira, mesmo no período pós-constitucional mostra, particularmente na área da saúde, visível expansão seletiva das funções do governo central, com seu fortalecimento na condução e da regulação das políticas. Como consequência, caberia indagar também se a descentralização traria condições de viabilizar mecanismos de controle sobre a ação dos governos ou se, por si só, seria um instrumento de promoção da democracia.

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O que tem a ver isso tudo com a Saúde no DF?

Aqui vão algumas propostas de aplicação da proposta do post anterior à realidade do DF. Mesmo que não se tenha por aqui eleições neste ano de 2024, elas já eram pertinentes e mais ainda o serão em cenários futuros, nas eleições de 2026, com certeza! Cada uma das listas abaixo termina com (…), significando que o que que se mostra aqui representa apenas uma matriz genérica e que tudo isso pode ser certamente ampliado e melhor qualificado. Bom proveito!

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Saúde nas cidades: SUS, mais SUS!

Aproximam-se as eleições municipais e nós no DF estaremos de fora. Um dia ainda hei de entender por que não somos um município brasileiro e sim este pseudo-estado (que não é uma coisa e nem deixa de ser a outra…). A saúde é uma das principais preocupações da população e deve estar entre as pautas prioritárias das candidatas e candidatos das próximas eleições. Um caminho estratégico para fortalecer a saúde pública é investir na Atenção Primária à Saúde (APS). Por isso, o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em uma parceria com a Umane e a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, lançam este projeto Mais SUS nas Cidades: 5 propostas para fortalecer a saúde pública nos municípios brasileiros, de forma a sensibilizar para que as gestões municipais priorizem de fato a saúde pública nas propostas de campanha e as integrem à agenda política dos novos mandatos a partir de 2025, com base em evidências científicas e resultados empíricos, voltadas particularmente para expansão, qualificação e fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, possibilitando uma melhor alocação de recursos, a redução de desigualdades, a ampliação do acesso à saúde e a diminuição de gastos com tratamentos por complicações que poderiam ser evitadas com uma APS fortalecida e com uma agenda de promoção da saúde da população. Aqui vai um resumo das propostas e ao final o link para acessar o documento completo.

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Câncer no Brasil

Em maio último, tive a honra de ser convidado pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) para ser relator de um encontro que reuniu especialistas e gestores na área de câncer em busca de contribuições sobre os cuidados aos pacientes com câncer de diversas localizações e naturezas, bem como sobre os desafios que o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta em tal campo, buscando clarear inovações tecnológicas que realmente contribuam para os cuidados oncológicos. Na ocasião haviam sido levantados pela diretoria e equipes técnicas de tal entidade alguns tópicos estratégicos para reflexão e debate dos participantes do encontro, a saber: os possíveis avanços e vantagens comparativas trazidos pela lei da Política Nacional do Câncer; os nós críticos à política de câncer no Brasil; as possibilidades de melhorias na organização e financiamento da política de câncer, em busca de eficácia e equidade; o real papel dos Estados no aprimoramento da regionalização das políticas de câncer e a possibilidade da realização de experiências piloto a serem replicadas em escala nacional; os potenciais obstáculos e limitações para a implementação da política governamental de câncer no país; os possíveis mecanismos para garantir a participação e colaboração da sociedade na luta contra o câncer; a questão do acesso a tratamentos e medicamentos inovadores mais eficazes no câncer; o financiamento e eficácia dos processos de análise, aprovação e disponibilização de insumos e serviços relativos a tal moléstia; as práticas internacionais em termos de organização e financiamento de políticas de câncer; a eficiência e transparência no financiamento no combate ao câncer, inclusive remuneração de provedores; as estratégias mais eficazes para prevenção e detecção precoce do câncer, bem como a adaptabilidade e capacidade de resposta em relação à política de câncer no Brasil. A seguir, como parte do relatório que apresentei ao Conass, uma síntese das apresentações por especialistas e gestores convidados.

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