Vai bem a nossa Saúde?

Pesquisas de opinião sobre qualquer assunto são importantes, mas devem ser analisadas em função do contexto em que são produzidas, além de questões de método, claro.  A recente experiência brasileira com o bolsonarismo – que Los Hermanos Transplatinos acharam por bem reproduzir agora – mostrou um lado obscuro e até mesmo malévolo na interpretação de tais enquetes. De fato, é demasiadamente humano buscar em qualquer fato da vida uma explicação que atenda nossas crenças e interesses, mas a maneira como isso foi feito pelo Gabinete do Ódio instalado no Palácio do Planalto ultrapassou todas as fronteiras da intencionalidade enviesada e da desonestidade. Mas como aqui é um blog honesto, vamos comentar a recentíssima pesquisa sobre a atuação do governo federal na Saúde e outras áreas realizada pelo DataFolha. Não sou daqueles que acham que Datafolha e FSP façam parte de um tipo especial de gabinete do ódio e da mentira, um componente das forças golpistas. Mas também não o exato contrário disso. Para falar a verdade, confio mais na Folha do que em muitos sites que mal e mal disfarçam sua condição de porta-vozes extra oficiais do Governo, dos quais me abstenho de citar nomes. Sem impedimento de que também a FSP tenha seus interesses particulares, que nem sempre são os mesmos da maioria da população ou dos setores menos bem aquinhoados. Mas vamos aos resultados da tal pesquisa, com os comentários devidos.

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Ainda a condição de morar na rua…

Aproveitando o ensejo de dois posts nas últimas semanas sobre a população em situação de rua no DF e no Brasil, trago aqui hoje aos meus leitores uma tentativa de ficção sobre tal assunto. O Jardineiro de que falo existiu (ou existe) de verdade. Era uma das pessoas em tal situação, uma das milhares que existem aqui em Brasília. Eu vi este rapaz trabalhando ativamente em seu jardim, talvez durante mais de um ano, na quadra 304 Norte. Depois sumiu, mas não sem antes deixar para mim a inspiração para tentar captar a sua mensagem paisagística. Espero que gostem.

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Morar na rua é para os fortes… Considerações sobre a população sem teto em Brasília

[Texto em parceria: Flavio Goulart e Henriqueta Camarotti].

Lemos na página web da SES-DF que a mesma está promovendo a vacinação de pessoas em situação de rua e mais outros interessados no Centro de Atenção Psicossocial para Tratamento de Álcool e Outras Drogas (Caps AD III), localizado no Setor Comercial Sul. Tal setor, junto com a Rodoviária do Plano Piloto, para quem não sabe, são áreas da cidade onde vivem muitas pessoas em situação de rua e de vulnerabilidade social e este Caps AD III costuma ser a unidade de saúde preferencial dos mesmos. Lá é oferecido atendimento às pessoas com sofrimento psíquico associado ao uso de álcool e outras drogas, em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial. A assistência é realizada por uma equipe multiprofissional, composta por psiquiatras, clínicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, enfermeiros e farmacêuticos. Todos os imunizantes do calendário vacinal oficial de adultos estão disponíveis por lá. Diante da situação geral do país, particularmente no atual cenário pós pandemia e de desmonte de políticas públicas, pergunta que se impõe é: como está a situação do país e do DF neste quesito? O que pode ser feito e o que vem sendo feito a respeito?

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Um dia na vida de Filomena Dias (Dilemas da liderança em saúde…)

– Último dia para entrega do relatório, Filomena!

É comigo, infelizmente… Todo dia a mesma coisa, alguém me anunciando que é o último dia ou que o prazo já venceu. De susto em susto, de aperto em aperto, vou levando minha vida de gerente em serviço de saúde. Qualquer dia me anunciam – ou me cobram – o juízo final, só falta… Mas tenho muito orgulho do que faço, estou aqui por ter sido aprovada em concurso e depois ainda ter feito uma formação para gerente. Isso entre um punhado de concorrentes. E tem mais, fui considerada, modéstia a parte, aluna destacada, a primeira a ser nomeada para a gerência, e já se vão quatro anos.

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Da liderança em Saúde

Escutei por esses dias na CBN o comentarista Ricardo Henriques (ver link ao final) falando sobre questões da liderança na Educação, especificamente sobre o importante papel dos diretores de escola no processo educativo. Há estudos mostrando que mesmo que os dirigentes não participem diretamente das atividades em sala de aula, as qualidades da gestão que praticam influenciam direta e positivamente nos indicadores escolares. Sempre achei que isso também se aplica perfeitamente ao caso da saúde e inclusive já escrevi aqui sobre isso. Tenho ainda presente na memória a importância que uma certa Dona Cecília teve em minha vida, diretora que era do Grupo Escolar Francisco Salles, em BH, onde conclui o que se chamava na época de curso primário. A comparação com a escola vizinha, Caetano Azeredo, era forçosa. De um lado reinava a ordem, do outro a esculhambação, com consequências previsíveis na vida de alunos e professores. O fato é que desde então me pergunto: o que faz as coisas serem assim tão diferentes em duas instituições públicas, situadas no mesmo bairro, destinadas à mesma classe média, com professores percebendo os mesmos salários? Henriques aponta uma série de fatores para explicar tais coisas , entre elas, a democratização do ambiente, a participação da comunidade, a capacitação dos diretores para as funções de gestão, a despolitização dos processos de escolha, entre outras. Mas acho que posso acrescentar alguma coisa, com aplicação direta ao campo da saúde, que é afinal aquele sobre o qual posso dizer que entendo alguma coisa.

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