Entorno ou transtorno? O trocadilho pode parecer infame, mas certamente se equipara à recente troca de amabilidades entre os excelentíssimos governadores do DF e de Goiás, tendo este último debochado da rima do nome de Ibaneis, com pequenez. Poderia ser pior, com pequinês, por exemplo, mas não se chegou a tanto. A questão que os moveu, uma vez mais, é a mesma de sempre: a ultrapassagem das fronteiras federativas para a busca de atendimento à saúde em Brasília. Isso certamente acontece com intensidade na presente pandemia, mas na verdade vem acontecendo historicamente desde que o “quadradinho” se emancipou de sua Terra Mater, já se vão mais de 60 anos. Parece que as autoridades locais não se lembram – ou se esquecem de propósito – que quem vem dos territórios vizinhos para trabalhar aqui vem também para fazer compras, utilizar serviços pagos e realizar outras atividades que contribuem para a economia do DF. Além do mais, a Constituição assegura o direito de ir e vir (até agora, pelo menos). A solução para isso não está em colocar barreiras e catracas, criando assim um apartheid interfederativo peculiar. Caiado e Ibaneis, pelo visto, se espelham no Átila do Alvorada no negacionismo da pandemia, mas também na imitação da truculência de tal personagem. Desta vez o ruralista goiano fez “bingo”; de outra, a vitória poderá ser do rábula local. Mas uma coisa é certa: quem perde é o povo dos dois lados da fronteira (que em alguns lugares não passa de uma simples rua). Agora, falando sério, excelências: que tal tratar este assunto com maior profundidade e responsabilidade?
Continue Lendo “O Entorno, mais uma vez (que certamente não será a última)…”O evangelista Mateus nos anuncia o que trará o futuro pós pandemia…
Recebo de mais de um de meus “correspondentes” do Whatsapp, um texto com propostas sobre o que estaria por vir depois desta pandemia, que teria sido elaborado por cerca de 50 especialistas reunidos pela revista The Economist. Não confirmei se a matéria é verdadeira quanto à sua origem – hoje em dia nunca se sabe – mas sem dúvida ela traz conclusões que me pareceram razoáveis, embora pecando por certo otimismo, que me pareceu sem total correspondência com a realidade. Mesmo assim me senti tentado a aproveitar para expandir a tal conversa por minha conta e risco, com foco na saúde, seja no tocante às pessoas, individualmente, seja à maneira como organizá-la, socialmente. Eis que o futuro desta nossa área é certamente preocupante. Baseio-me, especialmente, no epílogo de tal documento, que nos alerta que inovação, tecnologia, além de um modo integrado de pensar serão a base da nova realidade e que assim, continuar fazendo o que sempre se fez é um caminho para a perdição, no que os autores, sejam eles quem forem, fazem um convite ao encontro de novas maneiras e vias de ação, individuais e coletivas. Veja a matéria completa (muito mal traduzida, por sinal) depois de meus comentários. Se que saber como Mateus entra nesta história, leia até o final…
Continue Lendo “O evangelista Mateus nos anuncia o que trará o futuro pós pandemia…”Na Saúde filas não podem fazer “parte da paisagem”
É possível acabar ou minimizar as filas nos serviços de saúde? Antes de tentar desenvolver esta questão, é bom avisar: as filas na saúde já existem, são históricas no Brasil, seja na variedade virtual ou física, e na gestão da atual pandemia, diante da incúria e da incompetência do governo federal, seja no conjunto da obra ou no caso específico da vacinação da população, sua tendência é aumentar, radicalmente. Já se disse que a guerra é assunto muito sério para ficar nas mãos de militares; mas e a Saúde, seria séria o bastante? O ministro da saúde (em minúsculas na atual conjuntura), apresentado como autoridade no campo da logística, talvez tenha obtido seus maiores feitos no provimento de “ranchos” para unidades militares na Amazônia, assim mesmo adquirindo suprimentos em algum mercadinho de esquina ou, quem sabe, fazendo campanhas para que os recrutas trouxessem marmitas de casa. Sob a gestão militar da saúde o país garantiu o suprimento de vacinas para não mais do que 20%, não exatamente da população como um todo, mas apenas dos grupos de maior risco. Então, podemos nos preparar para medir as filas de vacinação em quilômetros, da mesma forma que os engarrafamentos de final de tarde em Sampa. Mas vamos ao foco que interessa: o triste espetáculo das grandes filas na porta das Unidades de Saúde, formadas muitas vezes durante a madrugada, presentes não só aqui no DF como em muitas partes do Brasil, ao ponto de terem se tornado “partes da paisagem” urbana, certamente a serem incrementadas a partir de agora, reflete o estado de desorganização e precariedade dos nossos serviços de saúde. Mas não é só isso: caberia indagar, sem dúvida: será que alguns dos que estão ali não deviam ou não precisariam estar? E para os demais, os realmente necessitados, o que importa de fato?
Continue Lendo “Na Saúde filas não podem fazer “parte da paisagem””Covid no DF: para onde vamos? (ou “o que já não está bom pode ficar pior”)
Enquanto esperamos a Hora H* e o Dia D*, como quer o ínclito Intendente Pazuello, o qual, apesar de não saber exatamente o que vem a ser a sigla “SUS”, ocupa a pasta da saúde neste Governo de M*, cumpre indagar como vão as coisas, se não no Brasil, pelo menos aqui em nossa cidade. Para tanto preparei um levantamento das informações disponíveis, de forma simplificada, ou seja, arrolando dados a cada cinco dias desde a segunda quinzena de novembro passado, até o dia 15 de janeiro, ou seja, nos dois meses mais recentes. São informações relativas a: total de casos nas últimas 24 horas; total de óbitos em igual período; casos e óbitos totais acumulados, além da disponibilidade de leitos com respiradores disponíveis a cada momento, seja no setor público ou no privado. Acrescento algumas considerações sobre um assim chamado ”Plano de Vacinação”, concebido pelo governo do DF.
Continue Lendo “Covid no DF: para onde vamos? (ou “o que já não está bom pode ficar pior”)”Preocupações de uma mente sem noção…
Dizem que Bolsonaro ganhou de presente, não se sabe de quem, um incrível computador de última geração, o qual, multiconectado, seria capaz de ler até pensamentos e também de informar ao usuário, em tempo real, o estado geral de sua popularidade. Nosso Átila do Vale da Ribeira, claro, se regozijou com o mimo, e se pôs logo a testá-lo, após perpetrar cada uma de suas habituais iniciativas.
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