Espiritualidade e Saúde

Entre os dias 11 e 13 de abril corrente está sendo realizado, em Juiz de Fora-MG, o Congresso Internacional de Ciência, Saúde e Espiritualidade (Conupes), tendo como focos a relação mente-cérebro, as experiências espirituais, as possibilidades de que a mente possa sobreviver à morte física. O evento é voltado aos interessados no estudo científico da espiritualidade, nas áreas da Saúde, Humanidades, Ciências Sociais e Educação, além da comunidade geral. Outras temáticas previstas nos debates do evento são: como integrar espiritualidade na prática clínica de modo ético e baseado em evidências, a inclusão da espiritualidade no ensino da área de Saúde e como conduzir pesquisas na área da espiritualidade. Haverá minicursos, mesas-redondas, conferências e mentorias individuais, com palestrantes oriundos de diversos campos do conhecimento, como a área de Saúde, Filosofia, História e Jornalismo. Nossa co-editora deste blog, Henriqueta Camarotti, está presente no evento e na próxima semana nos trará importantes informações sobre os trabalhos desenvolvidos no mesmo. Enquanto isso, trago de volta um texto em parceria com ela, aqui publicado há um ano, sobre o mesmo tema, para reavivar a memória dos leitores.  

Acesse: Espiritualidade e saúde – A SAÚDE NO DISTRITO FEDERAL TEM JEITO!

A Saúde ainda está aqui…

Ou seja, no mesmo lugar de sempre… Mais um ministro demitido, no caso, uma Ministra como “M” maiúsculo, com nomeação em seu lugar de um especialista em transações clientelistas (com alguma experiência na área da saúde, felizmente). Aproveitando a deixa do filme brasileiro merecidamente premiado com o Oscar, que entretanto levantou pelo Brasil patriotadas sem conta, como se o tal boneco careca contemplasse futebol, e não Arte …), faço aqui alguns comentários à situação presente no campo da saúde. Mas chega de mau humor. Quero falar hoje, aproveitando a (má) lembrança que o filme nos traz da ditadura militar no Brasil, é de como a tal quartelada afetou a organização de nosso sistema de saúde. Para acalmar os saudosistas, viúvas e viúvos dos fardados, de saída esclareço: alguma coisa positiva aconteceu em tal período…

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O mito da administração militar da coisa pública

Com as recentes prisões de generais, coronéis e outros igualmente graduados, os militares brasileiros alcançaram um patamar que lhes era merecido desde a guerra do Paraguai e quarteladas diversas em que se envolveram. Que paguem o preço, é o que desejam os cidadãos, pelo menos aqueles que são, realmente, de bem. Na Saúde, comparando a atuação deles nos governos militares e mais recentemente no desgoverno do inominável & inelegível, pelo menos na ditadura de 64 tiveram o bom senso de entregar o respectivo ministério a civis – que até não se saíram mal. Pelo menos se erradicou a varíola e o bócio endêmico, mas não a corrupção como os milicos gostam de afirmar. Além disso foram dados os primeiros passos para a construção do SUS, com as chamadas AIS – Ações Integradas em Saúde, a partir de 1983. Lembre-se, todavia, que a consolidação de tal movimento se deu, mais uma vez, sob a alçada civil. Sem querer ressuscitar figuras patéticas, como a do General Pesadelo, digo Pazuelo, aquele ilustre personagem que não sabia distinguir o Pará do Amapá e nem tinha ouvido falar de SUS, trago aqui de volta um artigo aqui publicado em um daqueles anos de vergonha, tratando do verdadeiro mico, digo mito, que atribui aos fardados uma insuperável competência na gestão da coisa pública.  Apenas para não se esquecer do horror representado por tal pesadelo.

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O trumpismo e a saúde no Brasil

Se você, caro leitor, achou que há algum exagero na relação sugerida pelo título acima, não vou lhe negar a razão, mas posso explicá-la melhor. Quando falo “trumpismo” estou indicando a onda de direita que se levanta em todo o mundo, vitaminada agora pelo agente laranja que ganhou as eleições nos EUA. Já a expressão “saúde no Brasil” pode ser trocada por “políticas sociais”, sejam de interesse dos países em desenvolvimento, como o nosso, ou também, por que não, dos países centrais. Esclarecido? Mas não há dúvida que repercussões imediatas de tal fenômeno já há tempos se revelam, como já vimos no período de testes realizado no país de origem do fenômeno, entre 2016 e 2020. E também aqui, sob a égide de seu tosco imitador tropical e do vampiro que o antecedeu. Assim, já havia indicações de que os mais pobres não seriam contemplados; que imigrantes seriam desprezados e banidos; que mulheres, índios, negros e minorias em geral estariam fora do escopo das políticas; que direitos adquiridos em saúde e outras áreas seriam atirados no lixo. E principalmente que os novos poderosos buscariam atuar sem freios, dentro de uma lógica de que “nós errados estamos mais certos do ‘eles’ certos” – e por aí vai. Entre o espanto e a revolta, contudo, é preciso tentar entender tais acontecimentos, mesmo que não seja possível extrair deles alguma solução, mas pelo menos para não naufragar no cinismo ou na descrença na política ou na humanidade. O fato é que muita coisa mudou no mundo, fazendo com que alguns de nossos velhos dogmas precisem ser revistos ou reciclados, à custa, naturalmente, de sangue, suor e lágrimas.  Explico melhor…

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Medicina no Brasil: cada vez mais desigual!

Uma atualização do Censo Demografia Médica, já abordado aqui no blog em diversas ocasiões (ver link ao final), divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que o Brasil quase duplicou o número de médicos nos últimos 14 anos, passando de 304 mil, em 2010, para cerca de 576 mil, em 2024. Ali se revela, ainda, que nenhum estado registrou diminuição da quantidade de médicos ou da densidade médica nesse período, mantendo-se, porém, as disparidades socioeconômicas e de infraestrutura de saúde nas diferentes regiões do país. Por exemplo, o DF, conta com 6,3 médicos a cada mil habitantes; RJ, com 4,3; SP (3,7); ES (3,6); MG (3,5) e RS (3,4), todos acima da média nacional que é de 3,07 profissionais a cada mil habitantes. Por outro lado, estados como AM, com média de 1,6 médico a cada mil habitantes; AP, com 1,5; PA, com 1,4; e MA, com 1,3, apresentam as menores cifras, embora tenham mostrado incremento superior a 67% nos últimos 14 anos. O próprio presidente do CFM, José Hiran Gallo, em um raro intervalo em sua militância bolsonática, defende a necessidade de políticas públicas focadas na redistribuição de médicos pelo território nacional, com o objetivo de minimizar as desigualdades regionais no acesso à saúde, destacando ainda a necessidade de programas de formação de profissionais voltados para as necessidades específicas de cada região. Disse ele: “Apesar desse quadro mostrar o aumento significativo da presença dos profissionais no país, o CFM entende que se mantém o cenário de desigualdade na distribuição por conta da fragilidade de políticas públicas que estimulem a migração e fixação em áreas distantes ou de difícil provimento”. Os dados do mesmo levantamento realizado em 2023 mostram o seguinte cenário.

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