O Correio Braziliense me pede – e eu atendo com muita honra – uma entrevista sobre como vejo a evolução da saúde no Brasil nos próximos quatro anos. Imagino que tal prazo diga respeito à duração do mandato do Presidente que uma parte dos brasileiros escolheu para comandar o país. Mas já esclareci ao repórter Octávio Augusto (e faço o mesmo aos leitores) que não tenho como ser otimista. Estou na mesma situação do Príncipe consorte inglês quando indagou a Cândido Portinari se ele não pintava flores. “Só pinto miséria”, foi a resposta de nosso grande artista… Continue Lendo “Saúde no Brasil em futuro imediato: pintando miséria”
SUS 30 anos (mas no DF começou antes…)
O ano de 2018 é marcante para a saúde. Não só o SUS faz 30 anos como a Declaração de Alma Ata, uma de suas fontes inspiradoras, faz 40 e talvez a própria concepção do sistema de saúde da Capital Federal, então em construção, deve estar fazendo 60. Ao mesmo tempo, na saúde do Brasil atual, o tempo fecha no horizonte, com ameaças de cortes maiores ainda de gastos, o novo Ministro da Saúde recém nomeado defendendo a privatização e o próprio presidente eleito afirmando que o dinheiro que se gasta na saúde já é demasiado. Nada é perfeito… Mas tal data sem dúvida merece, se não grande comemoração, pelo menos algumas reflexões. Continue Lendo “SUS 30 anos (mas no DF começou antes…)”
As Práticas Integrativas e Complementares e as (boas) armas da Razão
Com a eleição do ex-militar (no espírito, com certeza, ainda o é…), muita gente está saindo do armário em termos de convicções políticas. Ou des-convicções, sei lá… Mas de certa forma espero que o que me traz aqui hoje não seja considerado também mais uma espécie de saída do armário. Mas a presente questão não é de política partidária, nem de eleições ou de sexualidade (a minha está bem resolvida desde sempre, graças a Deus…). Mas é igualmente polêmico trazê-la à luz, ainda mais de forma crítica, sem despertar ojerizas e preconceitos. Mas vamos ao ponto que interessa: falo das chamadas terapias alternativas ou, em linguagem mais moderna, integrativas e complementares (PIC), sobre as quais tenho sérias dúvidas. Continue Lendo “As Práticas Integrativas e Complementares e as (boas) armas da Razão”
A fuga dos cubanos é apenas o começo…
Dilma Rouseff foi empurrada para fora do governo, entre outras razões, por ter cometido aquele famoso “estelionato eleitoral”. Do jeito que a política no Brasil dá voltas, agora, estranhamente, nos cabe torcer para que tal estelionato seja cometido de verdade. Refiro-me naturalmente às estranhas promessas que vem fazendo, ou ameaçando fazer, o presidente recentemente eleito. Para coisas assim, o melhor seria prometer, mas não cumprir – exatamente como teria feito a infeliz presidente em seu segundo mandato. E entre tais coisas fora dos padrões normais estão a mudança da embaixada do Brasil para Jerusalém; a extinção de direitos trabalhistas; a militarização do Executivo; as ameaças ao programa Mais Médicos; a extinção e recriação de ministérios; a escolha da “Musa do Veneno” para Ministra da Agricultura, além da fatídica “volta a 50 anos atrás”. Por sorte, até agora pelo menos, algumas dessas decisões estão sendo anunciadas em um dia e negadas no outro – pelo presidente ou por seus diversos assessores e agregados sem função definida. Mas nem todas… Tudo indica que, de maneira geral e no que há de pior, o homem fala sério… Como quem profere a Ordem do Dia em algum estabelecimento militar toda manhã.
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De Alma Ata a Astana
Em 1978, no longínquo Cazaquistão, mais precisamente em uma cidade de lindo nome, Alma-Ata, realizou-se uma conferência internacional, patrocinada pela Organização Mundial da Saúde, tendo como tema a Atenção Primária à Saúde, que no Brasil é mais conhecida como Atenção Básica. Como é de praxe em tais ocasiões, uma declaração formal foi preparada e até hoje é muito comentada em todo o mundo. Nela, em uma dezena de tópicos, se apelou para que os governos, especialmente dos países em desenvolvimento, bem como outras entidades e organizações, se empenhassem em encontrar soluções urgentes para transformar a promoção da saúde como uma das prioridades da nova ordem econômica internacional. O lema de então era: Saúde para todos no ano 2.000. Pois bem, o referido ano já chegou, já se vão quase duas décadas. E aquela generosa “saúde para todos” ainda é, lamentavelmente, apenas “saúde para poucos”. Mas a esperança é a última que morre…
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