Sobre a má distribuição de médicos no DF: algumas hipóteses

O Conselho Federal de Medicina, com o apoio institucional do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, acaba de lançar a versão 2018 do estudo Demografia Médica, com valiosas informações sobre o número e a distribuição de médicos no Brasil. Entre outras constatações do estudo, podem ser destacadas: (a) é inédito o crescimento da população médica brasileira que ocorreu nas últimas décadas, sendo que o total de médicos aumentou em ritmo três vezes maior do que o de cidadãos brasileiros; (b) continua grande a concentração de profissionais nas regiões mais desenvolvidas, nas capitais e no litoral; (c) só o estado de São Paulo concentra 21,7% da população e 28% do total de médicos do País; (d) o Distrito Federal tem a razão médicos por mil habitantes mais alta do país; (e) entre os quase meio milhão de médicos há cada vez mais mulheres e jovens entre eles; (f) as capitais têm quatro vezes mais médicos do que os municípios do interior; (g) seis em cada dez médicos no país possuem pelo menos um título de especialista e apenas quatro especialidades concentram 39% dos especialistas do país. Continue Lendo “Sobre a má distribuição de médicos no DF: algumas hipóteses”

Marielle, a Saúde da Família e nós…

Visto assim, de relance, um assunto parece ter pouca coisa a ver com o outro. É até provável que Marielle Franco, como pessoa bem informada e do bem que era, fosse uma defensora dessa estratégia de saúde. Mas pouco sei sobre isso. Conheci Marielle, como talvez a maioria dos brasileiros, no dia seguinte em que foi barbaramente assassinada. O foco presente é a pobre cidade do Rio de Janeiro, ainda maravilhosa na paisagem, mas tenebrosa quanto a muitas coisas mais, por exemplo, na violência e na sanha corrupta de muitos de seus agentes políticos e membros da máquina pública. Eis que vejo na imprensa, quinze dias após Marielle ter sido eliminada, que nada menos do que 150 equipes de saúde da família da cidade do Rio já ficaram sem médicos, que estão se demitindo em massa. E diz mais a matéria:  “pacientes voltam à fila da emergência”. Procurada pela reportagem, a Prefeitura do Rio de Janeiro não respondeu sobre o pedido de demissão dos médicos, nem sobre o plano para novas contratações… Fila da emergência e nada a declarar: eis uma síntese da situação carioca… Continue Lendo “Marielle, a Saúde da Família e nós…”

O SUS que dá certo (também no DF…)

A Secretaria de Estado de Saúde do DF promoveu, em novembro pp,  uma grande mostra de experiências em diversos campos das práticas de saúde, realizadas em suas unidades ambulatoriais, hospitalares e complementares, além de instituições parceiras e associadas. Sem dúvida, o evento, demonstrou que, mesmo em tempos de crise, ainda é factível pensar e implementar instrumentos para o aprimoramento dos processos de trabalho na gestão e na atenção à saúde. Continue Lendo “O SUS que dá certo (também no DF…)”

Entorno ou transtorno?

Ainda em setembro de 2017, representantes do DF e de municípios do Entorno do DF goiano e mineiro se reuniram em Brasília para articularem ações mais integradas e coerentes em matéria de saúde. Parece novidade, mas reuniões deste tipo ocorrem, com certa regularidade, ao longo das últimas décadas. Resultados, quase nenhum… No evento de 26 de setembro, entre outros temas, foram debatidos o processo de reforma da atenção primária em Brasília e os eventuais impactos das mudanças na Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride). Além disso, Goiás e DF expuseram as medidas adotadas e o acompanhamento de doenças causadas por mosquitos. Uma acaciana observação foi proferida, na ocasião, pelo Secretário de Saúde do DF, Humberto Fonseca: “Se seguirmos [atuando] em conjunto, nós teremos uma eficiência muito maior”. Continue Lendo “Entorno ou transtorno?”