Com as recentes prisões de generais, coronéis e outros igualmente graduados, os militares brasileiros alcançaram um patamar que lhes era merecido desde a guerra do Paraguai e quarteladas diversas em que se envolveram. Que paguem o preço, é o que desejam os cidadãos, pelo menos aqueles que são, realmente, de bem. Na Saúde, comparando a atuação deles nos governos militares e mais recentemente no desgoverno do inominável & inelegível, pelo menos na ditadura de 64 tiveram o bom senso de entregar o respectivo ministério a civis – que até não se saíram mal. Pelo menos se erradicou a varíola e o bócio endêmico, mas não a corrupção como os milicos gostam de afirmar. Além disso foram dados os primeiros passos para a construção do SUS, com as chamadas AIS – Ações Integradas em Saúde, a partir de 1983. Lembre-se, todavia, que a consolidação de tal movimento se deu, mais uma vez, sob a alçada civil. Sem querer ressuscitar figuras patéticas, como a do General Pesadelo, digo Pazuelo, aquele ilustre personagem que não sabia distinguir o Pará do Amapá e nem tinha ouvido falar de SUS, trago aqui de volta um artigo aqui publicado em um daqueles anos de vergonha, tratando do verdadeiro mico, digo mito, que atribui aos fardados uma insuperável competência na gestão da coisa pública. Apenas para não se esquecer do horror representado por tal pesadelo.
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Imagem do Brasil disfuncional de hoje em dia: os chefes militares ameaçam botar pra quebrar se a CPI insistir em investigar seus pares. Pode? Não pode… Ainda mais partindo de uma corporação que vê a cada dia um punhado de seus membros denunciados por incompetência e até mesmo por improbidade. Tem Centrão também no olho deste furacão… Mas ao contrário dos militares, esta facção política não chia, apenas flexiona um pouco mais a espinha, à espera de que o governo atenda seus interesses ou até mesmo que venha um novo governo, ao qual ela aderirá sem pestanejar, como é de seu costume. No estado de lambança desorganizada que se instalou no Ministério da Saúde, com fardados de um lado e paisanos do outro, unidos na elaboração de falcatruas e malfeitos diversos, é difícil saber quem tem menos razão ou probidade. Todos são ou se tornaram suspeitos. Encontros estranhos em chopperias para negociar propinas; cabos de polícia se arvorando a executivos internacionais; cargos ocupados por pessoas prosaicas; coronéis faturando com empresas ad-hoc: é tudo com esta turma mesmo. Mas as chefias militares não querem que se investigue ou mesmo se fale disso… Aliás, nem precisaria de CPI, as declarações das autoridades, inclusive do Presidente da República, confirmam pencas de malfeitos a cada dia que passa. Enquanto isso, do fundo de suas covas, mais de meio milhão de mortos observam a cena trágica. O certo é que enquanto o Centrão já está desmoralizado e o Capitão perdeu totalmente o rumo, faz tempo, os militares pareciam manter alguma credibilidade – mas mostram que já abriram mão disso. Mas convenhamos: o tal “mito” da administração militar extensiva a atividades civis tem algum fundamento?
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