Covid não é só uma questão de álcool-gel, vacina e isolamento…

Tenho chamado atenção aqui e isso está claro também na literatura, inclusive internacional, sobre a contribuição da atenção primária à saúde (APS), aqui considerada em sua acepção completa e não improvisada, no controle da atual pandemia. Com efeito, fala-se muito em máscaras, álcool gel, isolamento social, testagens, vacina e outras medidas, todas muito importantes, mas também tal item estratégico, ou seja, a maneira como se organiza o modelo assistencial, deveria fazer parte de todas as recomendações relativas ao enfrentamento da atual situação. Esta representa, aliás, o maior problema sanitário que várias gerações viveram, seja no Brasil ou no Mundo. Mas falar de APS, ou melhor, de uma APS adequada, deve deve incluir obrigatoriamente: (a) responsabilização, em termos transversais e longitudinais, incidindo sobre pessoas, famílias e comunidade; (b) processos diferenciados de trabalho, que dizem respeito a equipes multiprofissionais, acompanhamento domiciliar, abordagem epidemiológica, acolhimento e utilização de indicadores de satisfação; (c) intervenções baseadas em evidências clínicas, epidemiológicas, sociais, financeiras; (d) atuação proativa, em termos de identificação e vinculo da clientela, além de coordenação do processos de atenção como um todo; (e) gestão da saúde em termos populacionais. A este respeito, a Organização Panamericana de Saúde no Brasil (OPAS), com apoio do Ministério da Saúde (o qual, se não atrapalhar, na atual conjuntura, já ajuda bastante) acaba de divulgar uma interessante coletânea de experiências, que você conhecerá a seguir.  

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Por uma Atenção Primária à Saúde robusta

Cerca de 1,3 mil iniciativas para melhorar a saúde da população brasileira, desenvolvidas por instâncias de gestão e trabalhadores do SUS, concorreram ao Prêmio APS Forte, estabelecido pela Organização Panamericana da Saúde (OPAS), Ministério da Saúde e mais algumas instituições do setor, como o Conasems e o Conass, além do Conselho Nacional de Saúde. O foco do prêmio é o de valorizar, sistematizar e divulgar experiências que ampliam o acesso do cidadão ao Sistema Único de Saúde. Dentre elas, foram selecionadas 946 em uma primeira etapa, como 135 indicadas para premiação, das quais surgiram as 11 finalistas. O prêmio será conferido após avaliação de um comitê formado por especialistas e jornalistas de destaque no cenário nacional, em comitê presidido pelo médico Drauzio Varela.  São eles a colunista Claudia Collucci (Folha S. Paulo), a radialista Mara Régia (Rádio Nacional), a repórter Lígia Formenti (Estadão), os jornalistas Luiz Fara Monteiro (TV Record), Alan Ferreira, Chico Pinheiro (TV Globo) e Lise Alves (colaboradora da revista The Lancet). Experiências das cinco regiões brasileiras, de secretarias estaduais e de centenas de municípios, estiveram presentes. A seleção final indicará três vencedores, que serão agraciados a conhecerem uma experiência internacional de rede de atenção à saúde na Atenção Primária. As recomendadas para o prêmio (135); e as finalistas (11) vão compor uma publicação técnica eletrônica editada pela OPAS e Ministério da Saúde, chamada NavegadorSUS. As três práticas vencedoras estarão, ainda, sistematizadas no livro em formato de estudos de caso. Experiências desenvolvidas no DF estão entre as indicadas, embora não tenham composto o grupo das finalistas. Um breve sobrevoo sobre essas onze finalistas mostra aspectos interessantes do modus operandi das equipes de APS no Brasil – ver a seguir.   

PS. Tive a honra de participar da comissão que selecionou estas 11 finalistas. Deu trabalho, mas valeu a pena – aprendi muito! Meu grau de confiança na APS como verdadeira ordenadora do sistema de saúde só aumentou.
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