Armínio Fraga: não é possível voltar ao modelo original do SUS

Armínio Fraga, ex-Presidente do Banco Central no governo FHC e figura carimbada do mercado financeiro, quem diria(!), virou uma referência importante na discussão sobre os rumos do sistema de saúde no Brasil. Os puristas ideológicos odeiam tal coisa, mas de minha parte devo admitir que está valendo a apena ouvi-lo, mesmo sem concordar cem por cento com o que ele ainda dizendo. Em entrevista recente à FSP, assinada pela jornalista especializada em questões de saúde, Claudia Collucci (ver link ao final), ele simplesmente defende que o país caminhe para um sistema de saúde que seja mais um híbrido de alguns modelos europeus, com gestão de serviços terceirizada, não mais algo derivado daquele generoso sonho constitucional de 1988. Nas palavras dele: “Não acredito que seja possível voltar ao modelo original do SUS. Acho que seria mais fácil caminhar para um modelo que seja mais um híbrido de alguns modelos europeus.” De toda forma eu, Flavio Goulart, acredito que não devemos dar ao SUS um estatuto de causa finita, um sistema triunfante, perfeito e acabado. Ao contrário, sua viabilidade dependerá da possibilidade de seu aperfeiçoamento constante, mesmo que a custa da derrubada de alguns mitos e certezas sobre o mesmo (o que a militância naturalmente também repudia). Neste aspecto penso que as ideias de Armínio Fraga devem ser consideradas e somadas a outras, de extração diversa.

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Armínio Fraga, quem diria, mereceria ser ouvido quando fala da saúde

O Brasil é um país estranho. Há generais que defendem a democracia; um ex ator pornô que agora é paladino da moralidade; um juiz que toma parte na acusação de seus réus; um defensor da probidade que contrata para seu gabinete uma vendedora de açaí que continua em seu negócio a mais de mil km de distância. Só faltava esta, vejam só: … uma figurinha carimbada do mercado financeiro, Armínio Fraga, se mete a dar palpites sobre o SUS. Mas, preconceitos à parte, não é que ele tem razão em muitas das coisas que diz? Ele, ex-presidente do Banco Central no governo FHC e agente bem sucedido no mercado financeiro, aqui e alhures, seria uma pessoa cuja opinião certamente não seria valorizada pelos defensores do SUS. Rico, tucano, queridinho dos mercados, executivo e professor de sucesso no exterior, este cara seria o último da fila a ser ouvido pela militância, em busca de sugestões para o aperfeiçoamento do nosso sistema de saúde. Armínio tem o perfil de quem jamais precisou do SUS e nem precisaria. Exceto, talvez, se fosse candidato a um transplante (mas que Deus o livre, claro!). Continue Lendo “Armínio Fraga, quem diria, mereceria ser ouvido quando fala da saúde”