Dengue e outras epidemias: reflexões

A Dengue veio para ficar. Mas será que algum dia foi embora de verdade? O fato é que nós brasileiros, mal recuperados da Covid, nos vemos de novo ameaçados por um fantasma que talvez julgássemos enterrado nas dobras da história. Mas, pelo visto, não é bem assim. São quase um milhão de casos registrados em todo o país, com cerca de duas centenas de mortos. O DF já se aproxima de 100 mil notificações e registra em torno de 40 mortes (se não ocorreram mais nos últimos dias) e detém a nada honrosa liderança neste quesito em relação ao país. Isso representa nada mais nada menos do que um acréscimo de mais de mil por cento em relação ao mesmo período ano passado. É pouco, perto da Covid, mas mesmo assim causa preocupações. Prossiga na leitura…

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No DF: controle da dengue e cultura organizacional

Leio nos jornais locais que o funcionário da SES-DF responsável pelo controle da dengue, ou pelo menos pelas operações de “fumacê” foi destituído de suas funções, aparentemente devido aos maus resultados obtidos com seu trabalho. Dias antes foi a vez da diretora do Hospital de Sobradinho, sobre a qual a gentil manifestação do Governador foi, textualmente “ou ela sai ou cai o secretário”.  Como se vê, aquele interessante estilo “deixa que eu chuto”, do qual tem ser observado presença marcante no Palácio do Planalto, já subiu o Eixo Monumental e alcançou, gloriosamente, também o Buriti, pouco mais de um km acima. Trata-se de uma história de longo curso na nessa curiosa civilização subequatorial que é o nosso país: o mandatário culpa o subordinado e o subordinado dirige a culpa para mais abaixo, de tal forma que a culpa de tudo o que acontece de ruim na repartição possa vir a ser da moça do cafezinho. Ah! Enquanto isso todos culpam o governo – qualquer governo – e da mesma forma os governos culpam os cidadãos (“por que raios foram votar na gente?”). Uma coisa é certa: ninguém se assume diretamente culpado. Aquela história de ministros se suicidando de vergonha em frente a câmeras de TV só acontece entre os japoneses mesmo, aquele povo bárbaro! Continue Lendo “No DF: controle da dengue e cultura organizacional”

Dengue: quosque tandem?

Anuncia a SES-DF (ver link ao final) que está trabalhando com todo vigor para combater as larvas e o mosquito Aedes aegypti, cobrindo com suas ações, ao longo de poucos meses, 359.417 residências nas diversas regiões administrativas do Distrito Federal, sem contar a aplicação do “UBV pesado”, vulgo fumacê, em nada menos do que 441 mil imóveis. Os números prosseguem e chegam a ser exaustivos, mas para fazer justiça à SES vamos registrá-los: 13 mil imóveis tratados, 653 armadilhas colocadas, 1.032 imóveis revisitados, 582 escolas públicas inspecionadas. Mas será que é isso mesmo que importa? Continue Lendo “Dengue: quosque tandem?”

Perdulário, perigoso e pouco eficaz…

Quando assumi o posto de Secretário Municipal de Saúde em Uberlândia, no início da década passada, fiquei abismado com a existência de quase 300 pessoas empregadas na Prefeitura, é bem verdade com recursos do governo federal, para realizarem o “controle da dengue”, que àquela altura ameaçava não só a cidade como muitos outras partes do país. A dengue era e continua sendo uma doença potencialmente grave (mas nem sempre…) e seu controle depende de muito mais ações do que catar latinhas nos quintais e lotes vagos e visitar as casas para constatar a existência de vasos com pratinhos cheios d’água. Não se trata de uma ironia, mas era basicamente isso o que aqueles laboriosos trabalhadores faziam. Na ocasião me perguntava se para doenças muito mais graves, como a hipertensão arterial, a diabetes, as doenças derivadas do stress e do tabaco, além de outras, se haveria, por parte do Poder Público, uma ação semelhante, ou seja, mandar os agentes da saúde nas próprias casas dos pacientes para ver se estavam bem, se tomavam os remédios, se faziam dieta e outras medidas recomendadas. Na dengue algo parecido era feito… Continue Lendo “Perdulário, perigoso e pouco eficaz…”