A Pandemia e seus desdobramentos no mundo do trabalho

Não conto os mortos de faca nem os mortos de polícia; conto os que morrem de febre e os que morrem de tísica. Conto os que morrem de bouba, de tifo, de verminose: conto os que morrem de crupe, de cancro e schistosomose. Mas todos esses defuntos, morrem de fato é de fome, quer a chamemos de febre ou de qualquer outro nome. Morrem de fome e miséria quatro homens por minuto, embora enriqueçam outros que deles não sabem muito.

Ferreira Gullar teria que reescrever seu famoso poema para dar conta da situação atual, na qual a Covid mata mais do que a soma de todas as doenças que nele são arroladas. Mata por toxemia, por encharcamento de pulmões, por provocar a falência de órgãos diversos, por falha ou exagero do sistema imunitário, por comprometimento de funções vitais e mais ainda por retirar das pessoas condições de sobrevivência, por deixar famílias órfãs, por extinguir empregos, por dificultar a educação em exercer seu papel salvador de vidas, por desencadear quadros depressivos, de adição a drogas, de violência doméstica e até de autoextermínio. Sem esquecer que tem favorecido o aparecimento e a proliferação de profetas fajutos, líderes falsificados e psicopatas enrustidos. Não bastasse isso tudo, no Brasil o impacto de tal doença já comprometeu até a longevidade da população, com a expectativa de vida do brasileiro reduzida, em média, em praticamente dois anos, regredindo a patamares do início da década passada (link ao final) – para alegria de Paulo Guedes & Associados. Por tudo isso, trago aqui hoje discussão relacionada ao mundo do trabalho e dos empregos, onde residem fortes aliados do agente biológico da devastação que ora estamos assistindo.

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