Hoje trago aqui mais um debate entre Keta Camarotti e eu, ela agora na honrosa condição (para mim) de colaboradora permanente deste blog, tendo como foco a questão de se ter (ou não) projetos para o futuro e a importância disso na saúde geral e psico-emocional das pessoas. Vamos lá? Eu, Flavio Goulart, começo: certa vez, quando eu era Secretário Municipal de Saúde em Uberlândia, ao indagar de uma senhorinha na periferia da cidade se ela estava satisfeita com o atendimento em Saúde de Família recém implantado em seu bairro, recebi dela uma resposta desconcertante: gostei não, seu dotô: eles ispicula demais da vida de gente. Tentei explicar para ela, usando linguagem acessível, que tal ispiculação era, na verdade, um dos aspectos essenciais e positivos do programa, não um defeito e que o contrário disso seria despachar as pessoas de volta para casa com encaminhamentos ou receitas superficiais, que não tocavam no âmago de seus problemas verdadeiros. Não sei se consegui. Mas em alguma coisa ela talvez tivesse razão, ou seja, na real pertinência de tais interrogatórios. Com efeito, não deixa de ser importante saber das histórias pregressas dos pacientes, sejam pessoais, familiares ou sociais, mas com certeza coisas essenciais muitas vezes escapam aos médicos. Por exemplo: o fato de indagar dos pacientes se estes têm ou acalentam (ou não) projetos para seu futuro.
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