Vivemos em tempos tão estranhos… Umberto Eco de certa forma já os anteviu, quando disse que a internet deu voz e notoriedade a uma multidão de imbecis, até então calados e recolhidos à sua platitude. Esta pandemia, porém, ampliou o conceito, liberando as manifestações de uma manada de insensatos insipientes e conferindo crédito às suas eventuais eructações. O atual Presidente da República e seu séquito não me deixam mentir. Ouvi há algum tempo, aliás, um dos generais que dá expediente no Palácio do Planalto, dizer que não via nenhum problema em se ensinar o criacionismo nas escolas, eis que isso era apenas uma das várias versões existentes sobre a origem do homem. Para a “teoria” da terra plana certamente seria a mesma coisa. Assim, na visão desse grupo, o fenômeno da “gripezinha”, o uso da cloroquina, o endosso a aglomerações, a origem “comunista” do vírus, a decisão de salvar primeiro a economia, a ocupação militar do Ministério da Saúde, além de outras “verdades” estabelecidas por saturação nas redes sociais e na propaganda oficial, seriam versões ou opiniões, porém validadas implicitamente pela ausência de provas contrárias. Entenda-se por “provas” aquilo que já estaria incorporado ao discurso oficial; fora disso, é puro mimimi. E assim, la nave va. Mas agora, mais do que nunca, é preciso ouvir o que gente realmente séria está pensando e falando, seja sobre a pandemia, a economia, a democracia, além de outros temas. E assim trago aqui uma economista que tem respeito internacional, Monica De Bolle. Ela é brasileira, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e professora da Johns Hopkins University, tudo isso in USA. Para os bolsonaristas, que consideram como “intelectual” e “filósofo” um astrólogo boquirroto e dinheirista refugiado nos EUA, Monica não passaria de mais uma comunista impatriótica. Mas deixa pra lá.
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