Covid no Brasil: não-políticas de um não-governo, baseadas em evidências zero…

Recomendar cloroquina para tratar covid; considerar a pandemia uma “gripezinha”; postergar a compra de vacinas; nomear um milico obtuso para Ministro da Saúde; delegar a pastores evangélicos a negociação de verbas públicas; tentar acabar com a atual pandemia por decreto. Ninguém precisa ser opositor do atual governo, basta ser honesto intelectualmente e dispor de algum bom senso, para admitir que as medidas utilizadas pelo bolsonarismo para enfrentar a pandemia de Covid 19 foram, na melhor das hipóteses, equivocadas, mas, além disso, misturaram ideologia e má fé. Com efeito, existe no cenário um valor chamado evidências e as práticas nelas baseadas são essenciais para a fundamentação de decisões clínicas ou políticas na saúde, seja de alcance individual ou coletivo. Vamos considerar que no calor da pandemia, com as incertezas do cenário de emergência, algumas vezes, talvez, as tais evidências, em sua totalidade, não estiveram ao alcance da mão dos tomadores de decisão no Palácio do Planalto e no Ministério da Saúde. Mas nem de longe esta turma procurou vincular suas tomadas de decisão às evidências já então disponíveis. Aliás, ignorou-as solene e acintosamente. Trago aqui hoje uma análise produzida pelo IPEA e respeito de dois focos de atuação do Ministério da Saúde ao longo da pandemia, na qual se conclui que o processo de tomada de decisão do mesmo se viu profundamente marcada pelo desprezo a quaisquer possíveis evidências científicas seja na formulação e/ou na implementação de políticas e ações concernentes. Bem ao contrário, tais decisões estiveram estritamente vinculadas aos valores políticos do governo de plantão. Uma síntese de tal artigo é apresentada a seguir.

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