É possível acabar ou minimizar as filas nos serviços de saúde? Antes de tentar desenvolver esta questão, é bom avisar: as filas na saúde já existem, são históricas no Brasil, seja na variedade virtual ou física, e na gestão da atual pandemia, diante da incúria e da incompetência do governo federal, seja no conjunto da obra ou no caso específico da vacinação da população, sua tendência é aumentar, radicalmente. Já se disse que a guerra é assunto muito sério para ficar nas mãos de militares; mas e a Saúde, seria séria o bastante? O ministro da saúde (em minúsculas na atual conjuntura), apresentado como autoridade no campo da logística, talvez tenha obtido seus maiores feitos no provimento de “ranchos” para unidades militares na Amazônia, assim mesmo adquirindo suprimentos em algum mercadinho de esquina ou, quem sabe, fazendo campanhas para que os recrutas trouxessem marmitas de casa. Sob a gestão militar da saúde o país garantiu o suprimento de vacinas para não mais do que 20%, não exatamente da população como um todo, mas apenas dos grupos de maior risco. Então, podemos nos preparar para medir as filas de vacinação em quilômetros, da mesma forma que os engarrafamentos de final de tarde em Sampa. Mas vamos ao foco que interessa: o triste espetáculo das grandes filas na porta das Unidades de Saúde, formadas muitas vezes durante a madrugada, presentes não só aqui no DF como em muitas partes do Brasil, ao ponto de terem se tornado “partes da paisagem” urbana, certamente a serem incrementadas a partir de agora, reflete o estado de desorganização e precariedade dos nossos serviços de saúde. Mas não é só isso: caberia indagar, sem dúvida: será que alguns dos que estão ali não deviam ou não precisariam estar? E para os demais, os realmente necessitados, o que importa de fato?
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