Os resultados da ocupação militar no Ministério da Saúde já se fazem notar: equipes técnicas dispersadas, informações escamoteadas, idas e vindas, gente não qualificada ocupando postos-chave, ideologização das decisões, endosso da fake-farmacologia presidencial, erosão simbólica da presença do Brasil em organismos internacionais etc. Mas tem mais – este governo não cansa de causar surpresas desagradáveis aos brasileiros que pensam e se preocupam de fato com o país. Vejo na imprensa que após enfraquecer os órgãos de fiscalização ambiental como Ibama e ICMBio com cortes orçamentários e perseguições políticas, o bolsonarismo investe na militarização também como política de proteção ambiental, mesmo em um momento em que as queimadas e desmatamentos na Amazônia cresceram mais de 60%. Eis que Bolsonaro tirou da cartola (ou do quepe) um dos tais decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que atribui às Forças Armadas a proteção da floresta amazônica. Por um mês, apenas – menos mal. Foram empregados quase quatro mil homens, uma centena de veículos, além de embarcações e aeronaves. O custo? Nada menos do que de 60 milhões de reais, que equivale ao orçamento anual do Ibama para o controle e a fiscalização ambiental, só que em todo o território nacional. Continue Lendo “Militarização não é solução e ainda agrava nossos problemas”
Não há mal que sempre dure e nem governo que só faça besteira…
A sabedoria popular já consagrou a primeira afirmativa. Quanto à segunda, a realidade nacional parece indicar que tudo é possível, inclusive isso – um governo que ultrapassa, larga e diuturnamente, os limites do razoável ou do aceitável. Mesmo assim, é recomendável prestar atenção nos detalhes, para não se cometer injustiças. É o que tento fazer, neste momento, pelo menos, em relação à saúde. Há um dado favorável ao Ministro Mandetta: o fato de que ele não pertença ao núcleo militar, nem ao pirotécnico ou ao circense do atual governo, embora pesem sobre ele uns probleminhas no prontuário da probidade. Mas quem, com passagem pela máquina pública, não os tem ou teve? Pois bem, olhando os fatos com lente isenta, tentando deixar de lado a famosa “ideologia” (quem não a tem, também?), gostaria de analisar aqui três das medidas recentes do Ministério da Saúde, que julgo até sensatas, mas que tem sido rejeitadas de forma preliminar pela militância pró-SUS, quase sempre da banda esquerda, na qual, aliás, me situo também. Continue Lendo “Não há mal que sempre dure e nem governo que só faça besteira…”
