Novos tempos na Saúde

[Retornando agora nossas postagens semanais, depois de um mês de recesso, em um panorama de acontecimentos os mais diversificados e a anunciadores de novos e melhores tempos para a Saúde no Brasil – pelo menos é o que esperamos.]

A gente até se belisca para ver se não está sonhando. Mas não há dúvida, aqueles pazuelos, digo pesadelos, acabaram. Queirogas também fora do jogo… Os verde-oliva que estão acampados no Ministério da Saúde com o tempo terão alta (ou darão baixa). Com certeza, não há mais meios-fios a serem caiados por ali… E ainda tem a grande novidade: no cargo de Ministro, pela primeira vez na história, tem assento uma mulher: Nisia Trindade. E não é qualquer uma: socióloga, doutora, conhecedora da saúde pública, ex-presidente da Fiocruz, onde construiu uma ilha de resistência contra o negacionismo, a irresponsabilidade e a incompetência dos bolsonaristas de farda ou jaleco. Depois de seis anos de desastres sucessivos na saúde teremos oportunidade, a partir de agora, de usufruirmos de alguma alegria – ou pelo menos de uma forte esperança. Vamos ver o que a nova Ministra da Saúde está propondo, em entrevista coletiva recente, 10 de janeiro pp, na qual os jornalistas, por mais perguntas que fizessem, foram tratados com urbanidade, respeito – e até carinho em alguns casos. Tudo muito diferente do que era antes…     

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A Saúde que devemos ter

Tenho em minha tela mais um documento firmado por representantes do setor privado em saúde (mas não só eles) com propostas para o novo governo que se inicia. Isso é motivo de regozijo e esperança para mim, pois acredito realmente que a separação “água e óleo” que historicamente domina a relação entre tais atores não mostra o melhor dos caminhos para resolvermos a problemática que nos cerca. Tenho escrito muito sobre isso aqui (ver alguns links ao final) e a pergunta que não se cala é: seria possível confiar nas associações do setor privado com o Poder Público? Sem querer dizer sim ou não, creio ser preciso não imaginar apenas que estaremos sempre enfrentando lobos em pele de cordeiro nesta questão. Sem dúvida, as distorções que a realidade mostra em toda parte e que dominam o imaginário dos militantes do SUS, não dependem apenas da voracidade empresarial capitalista, mas também de um somatório de corrupção, ineficiência e morosidade do Estado em cumprir seu papel. Com efeito, isso inclui ingredientes como monitoramento, rigor, ação just-in-time, assunção de noções como valor, economicidade, responsabilização, etc; além, é claro, de competência específica em fiscalização, auditoria e controle. Com este Estado frouxo (quando lida com poderosos, pelo menos) com que convivemos historicamente no Brasil, seria pouco provável obter sucesso em parcerias com o setor privado. É assim que muita gente pensa se não seria melhor deixar apenas aos cuidados do Poder Público aquela assistência rústica (para não usar palavras mais grosseiras) que ele oferece, deixando de lado, sempre e acima de tudo, o setor privado, por supor que com ele as coisas correriam de forma ainda pior. E feito este preâmbulo, vamos ao documento de propostas que foi citado acima.

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Pela Saúde, pela Vida!

Movimento sanitarista encontra-se com o novo governo Lula. O grupo de sanitaristas, intitulado Frente pela Vida, apresentou ao grupo de transição do Presidente eleito, propostas para interromper o desmonte do SUS e começar sua reconstrução. Tudo radicalmente diferente do que aconteceu em 2018… Alvíssaras
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Guerra vencida? Nem tanto… Quase tudo por recomeçar.

O sujeito que ora se despede da cadeira de Presidente da República pode ter enganado muita gente, a respeito de muitas coisas, por demasiado tempo. Mas em certos assuntos, não se pode negar, ele cumpriu com rigor e esmero algumas das promessas que fez. Por exemplo, a de ter chegado ao Poder para destruir, não para construir – conforme disse textual e publicamente no início de seu mandato. Na Saúde, isso foi executado fervorosamente, por exemplo, através da nomeação de sucessivos mandatários incompetentes no comando de tal área, com o preenchimento de cargos técnicos com um batalhão de capitãs e capitães cloroquina de variada patente e escassa qualificação. Sem falar do descrédito lançado sobre os programas de imunização e outras ações de governo; a restrição de recursos a programas estratégicos; as propinas na compra de insumos; a prescrição de remédios sem efeito; as perdas derivadas de armazenamento de insumos sem qualquer controle; a sonegação de informações colocadas sob sigilo de um século; as idas e vindas das autoridades; além do maior escândalo de todos, este de proporções verdadeiramente bíblicas (literalmente…), qual seja a condução desastrosa e até mesmo criminosa, por premeditada, que marcou as ações do Governo Federal na pandemia de covid. De fato, é preciso contar com muita competência, resiliência e pertinácia do futuro governo para corrigir tanto desmantelamento. Assim, o que se espera do Governo Lula, na Saúde assim como em outras áreas, é de verdadeiro RECOMEÇO ou mesmo RECONSTRUÇÃO, mais do que retomada, reação, recuperação ou mera reavaliação.  Que se ponha mãos a obra já a partir do primeiro dia de 2023! Mas há que se indagar: começar a partir de onde? Aqui vão algumas sugestões. Não será simples e muita água há de rolar por debaixo da ponte até se acertar o passo. O novo governo precisa ser ambicioso nas propostas, mas ao mesmo tempo cauteloso de até mesmo modesto nas estratégias, para não tornar a frustrar as expectativas dos cidadãos.

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