Pois é, interrompemos nossas atividades desde a primeira quinzena de janeiro. Mas estamos de volta, com posts semanais, sempre aos sábados. Como perdi minha agenda de contatos, devido um furto de celular, fiquei completamente às escuras durante este período e só agora posso retomar minha vida na rede. E vamos lá: o assunto hoje é, mais uma vez, Covid; passados dois anos está difícil mudar… Hoje quero retomar a discussão sobre o papel do modelo assistencial em saúde e seu impacto na pandemia, assunto que, aliás, já tratei aqui em diversas ocasiões. Mas hoje trago aqui algo relevante, de autores que eu inclusive conheço pessoalmente (ver link ao final), que é uma matriz de análise que facilita, de fato, compreender e categorizar as contribuições da Atenção Primária à Saúde no controle da atual pandemia. Como já escrevi aqui antes, além de distanciamento, álcool gel, máscara, medidas educativas e restritivas, é preciso também contar com um modelo de atenção à saúde adequado, para se alcançar resultados consistentes no controle. Trata-se, assim, de uma matriz de repertórios possíveis para a APS em circunstâncias de crise como a atual, baseada na literatura internacional e particularmente na Iniciativa da OPAS-Brasil denominada APS Forte/2020, constituída por cinco linhas de atuação.
Continue Lendo “De volta: Covid e a importância das ações na porta de entrada”UPA’s no DF: problema ou solução?
A ideia do Ministério da Saúde na virada da primeira década deste século (nos bons tempos em que o Brasil tinha ministros da saúde de verdade), de criar as chamadas Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), certamente era preencher o vazio existente entre as unidades básicas da ponta da linha e os serviços emergenciais. Isso era (e continua sendo) um problema que levava muitas pessoas a ocupar indevidamente lugares nas filas das emergências, sacrificando muitas vezes a quem precisava de fato, sem conseguir, tal tipo de atendimento. Passada mais de uma década tal modelo está em cheque, pois não é certo que tenha sido capaz de mudar o panorama da demanda às emergências e, pior, tem o risco de fomentar a competição entre tais unidades e a rede de atenção básica, incentivando a clientela destas a procurar um tipo de atendimento que nem de longe seria desejável, pela relativa superficialidade, não adequação tecnológica e descontinuidade dos cuidados.
Continue Lendo “UPA’s no DF: problema ou solução?”Centros de Saúde tradicionais x Unidades de Saúde da Família: é tudo a mesma coisa?
Em um dos últimos posts aqui no blog confesso ter cometido algumas ironias relativas a “novidades” previsíveis no cenário eleitoral do DF, que tem primado até agora por absoluta carência de propostas consequentes na área da saúde. Uma de tais “novidades” seria a volta dos centros de saúde da era Frejat, que até hoje muitos celebram por aqui (tanto o homem como suas realizações). Discordâncias – estas sim, totalmente previsíveis – já surgiram e na verdade alimentam uma antiga polêmica que tenho com alguns amigos, ou seja, se o modelo tradicional de atenção básica praticada no Brasil equivale ao Saúde da Família contemporâneo. Eles acham que sim, que é tudo a mesma coisa. Eu acho que não. É claro que estou falando de SF nos moldes preconizados na Política Nacional de Atenção Básica (embora a mesma tenha recebido alguns remendos pouco recomendáveis recentemente) e não em alguns simulacros que andam, por aí, os famosos “programas precários para pobre e para ‘por placa’”, para ficarmos só na sua qualificação com a letra “P”. Isso interessa diretamente à nossa cidade, vejamos por que… Continue Lendo “Centros de Saúde tradicionais x Unidades de Saúde da Família: é tudo a mesma coisa?”
