O Governo Federal acaba de cancelar um decreto emitido ainda na véspera, no qual se abriam porteiras para a iniciativa privada se banquetear no SUS. O Ministro da Cloroquina, ou melhor, da Saúde, certamente envolvido com o hasteamento da bandeira nacional ou com a redação de alguma ordem do dia para sua caserna, nem foi ouvido. E não faria muita diferença se o fosse. Em um país normal isso dificilmente aconteceria ou, se acontecesse, seria imediatamente seguido de uma nota de desculpas e até talvez alguma demissão. Mas desculpa é palavra que não está presente no tosco dicionário do Messias, nem de seus acólitos e demissão só se cogita para quem contraria ordens vindas de cima. Que ninguém acuse tal personagem de imprevisível; ao contrário, previsibilidade (para cometer equívocos) é coisa que não lhe falta. Mas agora falando sério: que tal discutir com maior profundidade a relação entre o SUS e a iniciativa privada? O não-governo deu um pontapé inicial, mas o grande problema deste é que nada que faz merece ser levado a sério. Ou seja, não daria nem para começar a discutir. Mas mesmo assim vou tentar abordar o assunto.
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“Todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros”. A questão é antiga e foi colocada por George Orwel, possivelmente no cenário de seu “1984” – ou seria em “A Revolução dos Bichos”? Na saúde e em outros ramos da atividade humana ela está sempre pulsante. Com efeito, se em um sistema de saúde que oferece cuidados como “direito de todos”, faz sentido que dentro desse coletivo “todos” haja privilégios para “alguns”? Na saúde o fato é notório. No Brasil, ainda nos anos 50, os funcionários dos Institutos Previdência Social já tinham realizado sua experiência de se afastar daquilo que eles próprios ofereciam “para todos” (os beneficiários da instituição), para criarem algo para si próprios, a famosa “Patronal”. E pelas décadas seguintes a moda se espalhou, a Patronal virou Geap e a maioria das empresas estatais e mesmo serviços de administração direta criaram seus programas de autogestão em saúde. Em outras palavras: para “os outros”, o SUS; para “nós”, serviços diferenciados. Continue Lendo “Sobre os Planos de Saúde para servidores do DF”
