Como disse Brecht, há homens imprescindíveis. Perdemos um desses na última semana: Vitor Machado, meu amigo de muitos anos . Registrei meus sucessivos encontros com ele em uma passagem de meu livro de memórias Vaga, lembrança e trago isso aqui de volta, para homenagear este cara fundamental em minha vida e na vida de muita gente mais. Eu o conheci em 1982, quando eu era professor na Universidade Federal de Uberlândia. Ali eu fazia parte de um projeto de extensão universitária e naquele momento era membro de uma banca de seleção de coordenador de uma das Unidades de Saúde integradas ao mesmo. Os candidatos eram, de maneira geral, revestidos da maior previsibilidade: médicos já atuantes na rede que desejavam, mais do que uma posição de poder, o adicional de salário que tal função lhes conferiria. E foi então que surgiu aquele sujeito que viera de fora, um pouco sisudo, mas muito bem articulado. Uma daquelas pessoas que te olham de frente – e ele o fazia com leveza e confiabilidade, seus olhos cinza-esverdeados pareciam demonstrar isso. Foi aprovado para a única vaga existente e pouco depois conseguiu outra função, para o que teve que reduzir sua carga horária na tal unidade. Assim, honra-me muito dizê-lo, ele foi preencher a vaga que eu havia deixado na Diretoria Regional de Saúde, por ter sido, naquele momento, nomeado Secretário Municipal de Saúde.
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