SUS: 30 anos – comemorações e preocupações

Vejo no site Outra Saúde (excelente, por sinal!) uma nota sobre o aniversário de 30 anos do nosso SUS, considerado uma das maiores conquistas da Constituição Federal de 1988. Os números atuais impressionam: o SUS é a opção prioritária para cerca de 165 milhões de brasileiros, mas está também disponível, indistintamente, para todos os 205 milhões de habitantes do país, inclusive para aqueles 47 milhões que possuem algum plano privado. Ao todo, são 330 mil leitos, 12 milhões de internações e 4,3 bilhões de procedimentos ambulatoriais realizados.

Além disso, nem todos sabem, o SUS realiza diretamente na rede pública a maioria dos tratamentos de alta complexidade, como câncer, AIDS, hemodiálise. O programa nacional de vacinação é também um dos seus maiores avanços. Da mesma forma o controle das endemias, a vigilância epidemiológica, sanitária e farmacológica.

A matéria do Outra Saúde, assinada pelo jornalista … traz também algumas opiniões de especialistas pró SUS.

Jairnilson Paim, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), diz que o SUS “não é apenas uma sigla”, pois “traz valores muito caros para a nossa civilização: valor da igualdade, da emancipação, do atendimento para todos. A democracia como valor universal”. “O SUS nasceu da sociedade civil, dos movimentos sociais que combateram uma ditadura de 21 anos, dos estudantes, das donas de casa, das igrejas, dos sindicatos, dos bairros, dos professores, dos profissionais e trabalhadores da saúde”, Paim, participou do processo de debate para a configuração do SUS na Constituição Federal e lembra ainda que esse modelo é uma conquista da sociedade.

O presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gastão Wagner de Sousa Campos, afirma que a ideia de eficiência e eficácia no atendimento à saúde é uma característica dos sistemas universais gratuitos. “A atenção primária, a prevenção com clínica, o trabalho multiprofissional, e não apenas médico, tudo isso foi consolidado nos sistemas universais de saúde, trazendo eficiência, com menor custo, muito menor do que o do mercado privado”, afirma.

Meu comentário (Flavio Goulart): eu realmente acredito que Jairnilso Paim e Gastão Wagner são pessoas bastante respeitáveis. Mas sua visão é a dos militantes, que muitas vezes preferem se embalar com as conquistas da “coisa amada” (que não são poucas, é verdade), mas costumam ser brandos com os defeitos da mesma.

De minha parte, penso que precisamos enfrentar a situação do SUS pelos dois flancos – das qualidades e dos defeitos…

Primeiramente, torna-se preciso distinguir e qualificar a diferença entre o que foi sonhado generosamente, aliás, pelos formuladores da reforma sanitária dos anos 80, daquilo que foi concebido em associação dos mesmos com outros atores políticos na sequência, do que derivam alguns pecados originais, bem como do ente efetivamente construído nessas três décadas de existência do sistema, malgrado muitos (entre os quais me incluo), ou seja, o SUS real. Penso que já é hora de falarmos em um SUS possível e nisso se concentrará a presente análise. Com efeito, alguns querem a volta do sonho; outros querem passar uma caterpillar no que foi construído penosamente. Mas, nem tanto ao mar, nem tanto à terra… Conheça o teor inteiro de meu posicionamento, a que denominei “Para onde vai o SUS”. Acesse aqui: PARA ONDE VAI O SUS MAI 17

E também a matéria referida acima: http://outraspalavras.net/outrasaude/2018/05/08/sus-alem-da-sigla/

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