Leio na mídia que serviços prestados à população pela rede da SES-DF, como o atendimento da atenção primária, cirurgias e consultas estarão suspensos até que os caminhoneiros, ditos “em greve”, resolvam pensar um pouco mais nas necessidades dos cidadãos, imensa maioria, aliás, que não pertencem a tal categoria profissional – respeitável, por sinal. Enquanto isso, servidores serão realocados e o SAMU só atenderá casos de emergências, e mesmo assim se forem graves.
Comentários. Nem é preciso falar que a população brasileira está sendo vítima de um abuso. Esta pretensa “greve”, tecnicamente um locaute patronal absolutamente ilegal, mostra uma face de selvageria sem precedentes. Não é atoa que em muitos bloqueios há faixas pedindo intervenção militar, além de prestarem apoio a um candidato conhecido por suas posições pré-diluvianas, como por exemplo, distribuir armas à população.
Mas esta iniciativa da SES-DF é também questionável. Serviços de saúde não dependem diretamente de óleo diesel… Cancelar atendimentos emergenciais de forma prévia, sem mantar a acolhida e avaliação de riscos dos pacientes, é medida antiética e potencialmente criadora de riscos para a vida. É a mesma coisa que fechar serviços em período de guerra. E não é exagero pensar que há uma guerra no Brasil, país onde morrem mais pessoas por violência do que na Síria. E mesmo na Síria duvido que os serviços de saúde tenham sido cancelados de alguma forma. Diria o mesmo para as escolas públicas do DF, que pressurosamente já optaram por fechar suas portas até segunda ordem. Nas privadas, onde o número de pais que dependem de carros particulares para levar seus filhos às aulas é certamente muito maior, as aulas prosseguem normalmente. E ainda há quem não entenda porque a população valoriza mais o privado do que o público…
Veja a matéria que inspirou esta nota: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2018/05/25/interna_cidadesdf,683459/servicos-de-saude-para-a-populacao-serao-suspensos-a-partir-de-sabado.shtml

Leia também… https://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2018/05/quem-contabiliza-perdas-sofridas-por-doentes-com-atos-de-caminhoneiros.shtml
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