Quantos e quais médicos estão disponíveis no Brasil para atuar no sistema de saúde? E quantos serão nos próximos anos? O que mudou na formação e no trabalho médico no país? A maior oferta de profissionais na última década responde às demandas do SUS? Idem para as regiões desassistidas e as necessidades de saúde da população? E o caso do DF, como está em termos absolutos e comparativos com as outras unidades federativas do país? Estas e outras perguntas estão respondidas e analisadas no estudo Demografia Médica no Brasil (DMB 2023), originado, em 2011, no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, agora em sua sexta edição, contando com parcerias diversas, entre as quais se incluem a Associação Médica Brasileira, a OPAS e outras entidades, tendo se tornado referência obrigatória sobre medicina no Brasil. E também pela utilização da palavra demografia, antes restrita à população em geral, transformada em variável importante na análise da distribuição de determinados grupos sociais e profissionais. A necessidade de compreender a população de médicos no Brasil – numerosa, diversificada e em evolução – e sua implicação para o SUS determinaram o surgimento e a consolidação de tal assunto também como linha de pesquisa, incluindo aí o perfil, a evolução e a mobilidade populacional no tempo e no espaço da profissão, além de se ocupar da interação entre população, desenvolvimento econômico e força de trabalho. Aqui vai um resumo de tal estudo. As questões relativas ao DF serão abordadas em textos subsequentes, sempre aos sábados, como de costume neste blog.
Continue Lendo “Médicos no Brasil: quantos, onde, como e para qual finalidade?”Entorno, mais uma vez…
Tenho tratado da questão do Entorno aqui neste blog por vezes sucessivas. O foco maior dos problemas, para mim, é a maneira um tanto superficial, bem longe de se transformar em prioridade, com que as sucessivas administrações do DF vêm tratando a questão. Aliás, do outro lado da mesa, em Goiás, também. Estabelece-se, assim, um jogo de empurra, que junta fome com vontade de comer – na verdade ações (ou falta delas) presentes nos dois lados. Vejo no Correio Braziliense desta semana (ver link) uma abordagem diferente da habitual, com moradores da região do Entorno – e não políticos ou burocratas – se posicionando sobre como vêm a atuação do GDF em relação a seus problemas. Ênfase maior é colocada nas políticas de Saúde e de Transporte, mas dentro de um contexto que se extrapola para muitas outras ações de governo. Há uma proposta, ainda dos anos 90, que é a da criação de uma Região de Desenvolvimento Integrado (RIDE), abrangendo duas dezenas de municípios, proposta carregada de boas intenções, mas que nunca saiu do papel. Uma alternativa que começa a ser discutida em anos recentes procura superar o conceito de RIDE, demasiadamente amplo em sua extensão geográfica, para colocar foco em uma Periferia (ou Área) Metropolitana de Brasília (PMB), com12 municípios. Pode ser um bom recomeço para discussões que estão paradas há tempos. Como exemplos da situação existente, o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) estima a presença de 826 mil pessoas residentes em tal área, das quais 17,92% buscam serviços de saúde no DF, 8,98% dos jovens estudam em instituições da capital do país e 36,14% dos trabalhadores têm emprego no DF. Vamos conversar sobre isso nas linhas abaixo.
Continue Lendo “Entorno, mais uma vez…”A Saúde em Perspectiva: Brasil x Mundo; Situação 2022 x Tendências 2023
André Cezar Medici é mestre em Economia, doutor em história econômica e economista de saúde sênior do Banco Mundial. Tem se dedicado, há mais de 30 anos, a temas como economia e reforma de saúde, planejamento estratégico e prioridades de saúde, contribuindo para desenhar e melhorar as reformas de saúde em países da América Latina. No Brasil, desempenhou um papel fundamental no planejamento, desenvolvimento e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). Eu o conheço há pelo menos uns 30 anos e creio que na minha geração a maioria me acompanha na admiração por ele. Destaco aqui um artigo recente de André, no qual a situação atual da saúde no Brasil, que aqui neste blog é objeto de frequentes análises é destrinchada, da competente e muito bem escrita que lhe peculiar. Vamos ao texto, aqui resumido para facilitar o alcance dos leitores. O link para acesso completo segue ao final .
Continue Lendo “A Saúde em Perspectiva: Brasil x Mundo; Situação 2022 x Tendências 2023”O Público e o Privado na Saúde: uma eterna luta do Bem contra o Mal?
Tenho em mãos documentos atualizados, firmados por representantes do setor privado em saúde, com propostas para o novo governo que se inicia. (1) A Saúde que devemos ter, tem como signatário uma entidade denominada Iniciativa FIS, um “ecossistema de lideranças da Saúde da América Latina”, declara como objetivo principal promover transformações no setor a partir de um encontro entre atores públicos, privados e das academias, através de conexões e debates e inovações. (2) Saúde do Brasil 2023-2030 vem do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), formado por organizações públicas e privadas de toda a cadeia produtiva e de serviços de saúde, representando posições de consenso e convergência de interesses do setor saúde, voltado para ações de governo, mas com expectativas de tenha utilidade também para orientar o debate nas diversas organizações de saúde públicas e privadas. Pretendo aqui confrontá-los com um terceiro documento, (3) Relatório de Transição de Governo 2023, visando verificar até que ponto tenham propostas convergentes – ou não. De toda forma, a simples existência de tais peças oriundas do setor privado é motivo de regozijo e esperança para mim, pois acredito realmente que a separação “água e óleo”(ou o Bem contra o Mal) que historicamente domina a relação entre tais atores e o setor público não mostra o melhor dos caminhos para resolvermos a problemática que nos cerca. Tenho escrito muito sobre isso aqui (ver alguns links ao final) e a pergunta que não se cala é: seria possível confiar nas associações do setor privado com o Poder Público? Sem querer dizer sim ou não, creio ser preciso não imaginar apenas que estaremos sempre enfrentando lobos em pele de cordeiro nesta questão.
Continue Lendo “O Público e o Privado na Saúde: uma eterna luta do Bem contra o Mal?”Novos tempos na Saúde
[Retornando agora nossas postagens semanais, depois de um mês de recesso, em um panorama de acontecimentos os mais diversificados e a anunciadores de novos e melhores tempos para a Saúde no Brasil – pelo menos é o que esperamos.]
A gente até se belisca para ver se não está sonhando. Mas não há dúvida, aqueles pazuelos, digo pesadelos, acabaram. Queirogas também fora do jogo… Os verde-oliva que estão acampados no Ministério da Saúde com o tempo terão alta (ou darão baixa). Com certeza, não há mais meios-fios a serem caiados por ali… E ainda tem a grande novidade: no cargo de Ministro, pela primeira vez na história, tem assento uma mulher: Nisia Trindade. E não é qualquer uma: socióloga, doutora, conhecedora da saúde pública, ex-presidente da Fiocruz, onde construiu uma ilha de resistência contra o negacionismo, a irresponsabilidade e a incompetência dos bolsonaristas de farda ou jaleco. Depois de seis anos de desastres sucessivos na saúde teremos oportunidade, a partir de agora, de usufruirmos de alguma alegria – ou pelo menos de uma forte esperança. Vamos ver o que a nova Ministra da Saúde está propondo, em entrevista coletiva recente, 10 de janeiro pp, na qual os jornalistas, por mais perguntas que fizessem, foram tratados com urbanidade, respeito – e até carinho em alguns casos. Tudo muito diferente do que era antes…
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