O Correio Braziliense me pede – e eu atendo com muita honra – uma entrevista sobre como vejo a evolução da saúde no Brasil nos próximos quatro anos. Imagino que tal prazo diga respeito à duração do mandato do Presidente que uma parte dos brasileiros escolheu para comandar o país. Mas já esclareci ao repórter Octávio Augusto (e faço o mesmo aos leitores) que não tenho como ser otimista. Estou na mesma situação do Príncipe consorte inglês quando indagou a Cândido Portinari se ele não pintava flores. “Só pinto miséria”, foi a resposta de nosso grande artista… Continue Lendo “Saúde no Brasil em futuro imediato: pintando miséria”
A fuga dos cubanos é apenas o começo…
Dilma Rouseff foi empurrada para fora do governo, entre outras razões, por ter cometido aquele famoso “estelionato eleitoral”. Do jeito que a política no Brasil dá voltas, agora, estranhamente, nos cabe torcer para que tal estelionato seja cometido de verdade. Refiro-me naturalmente às estranhas promessas que vem fazendo, ou ameaçando fazer, o presidente recentemente eleito. Para coisas assim, o melhor seria prometer, mas não cumprir – exatamente como teria feito a infeliz presidente em seu segundo mandato. E entre tais coisas fora dos padrões normais estão a mudança da embaixada do Brasil para Jerusalém; a extinção de direitos trabalhistas; a militarização do Executivo; as ameaças ao programa Mais Médicos; a extinção e recriação de ministérios; a escolha da “Musa do Veneno” para Ministra da Agricultura, além da fatídica “volta a 50 anos atrás”. Por sorte, até agora pelo menos, algumas dessas decisões estão sendo anunciadas em um dia e negadas no outro – pelo presidente ou por seus diversos assessores e agregados sem função definida. Mas nem todas… Tudo indica que, de maneira geral e no que há de pior, o homem fala sério… Como quem profere a Ordem do Dia em algum estabelecimento militar toda manhã.
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O lado B. do Brasil…
Pois é, o fatídico sétimo dia de outubro chegou e superou todas as nossas (más) expectativas… Quando digo “nossas” não estou falando de só mim, mas também de um monte de gente, muitos milhões de pessoas, que ainda acreditam, se não nos políticos, pelo menos em certas virtudes humanas, como tolerância, discernimento, capacidade de indignação, aceitação das diferenças. Mas lamentavelmente somos minoria neste momento. Acho mesmo que vivemos uma situação ainda pior do que aquela de março-abril de 1964, quando ocorreu um golpe militar, que acabou por se esgotar e se arruinar progressivamente, embora só 20 anos depois. Mas agora, o monstro está para ser eleito! E quem o colocou em tal posição foi nosso vizinho, o cara do carro da frente, o moço que senta de nosso lado no ônibus, nossa faxineira, o balconista doa farmácia, o senhor aposentado que joga Damas na pracinha, a moça do caixa do supermercado. Foram eles que assim escolheram… Resignar? Talvez, provisoriamente, sim. Deu uma ajuda, também, para que tal coisa esteja acontecendo, a falta de juízo e de espírito público e de estadistas daqueles líderes que preferiram apostar em suas veleidades pessoais, ao invés de lutarem pela formação que fosse de uma geringonça, à moda portuguesa, para derrotar a Besta. Isso não nos consola em nada – e eles ficam nos devendo essa… Mas enquanto isso, vamos ver se na saúde o tal “mito” (está mais pra “mico”, se não um primata de maior porte) nos traz alguma novidade. Continue Lendo “O lado B. do Brasil…”
O Candidato, o SUS, as Misericórdias…
Muita ênfase foi dada nos últimos dias ao fato de ter sido o candidato a presidente Bolsonaro ter sido atendido, após o atentado que sofreu, em um “hospital do SUS”, a Santa Casa de Juiz de Fora. Os comentários variaram, desde a constatação do valor irrisório pago pela cirurgia na tabela oficial, coisa de menos de 400 reais, valor a ser dividido entre toda a equipe, até a denúncia de que o candidato já teria dito antes que o dinheiro da saúde destinado ao SUS é mais do que suficiente. Como sempre acontece em ocasiões catastróficas de qualquer natureza, é preciso deixar passar algumas ondas (de sangue, de infecção, de lama, de posts em redes sociais diversas etc) para se ter clareza a respeito do que se fala no calor da hora. Continue Lendo “O Candidato, o SUS, as Misericórdias…”
