Covid no DF: para onde vamos? (ou “o que já não está bom pode ficar pior”)

Enquanto esperamos a Hora H* e o Dia D*, como quer o ínclito Intendente Pazuello, o qual, apesar de não saber exatamente o que vem a ser a sigla “SUS”, ocupa a pasta da saúde neste Governo de M*, cumpre indagar como vão as coisas, se não no Brasil, pelo menos aqui em nossa cidade. Para tanto preparei um levantamento das informações disponíveis, de forma simplificada, ou seja, arrolando dados a cada cinco dias desde a segunda quinzena de novembro passado, até o dia 15 de janeiro, ou seja, nos dois meses mais recentes. São informações relativas a: total de casos nas últimas 24 horas; total de óbitos em igual período; casos e óbitos totais acumulados, além da disponibilidade de leitos com respiradores disponíveis a cada momento, seja no setor público ou no privado. Acrescento algumas considerações sobre um assim chamado ”Plano de Vacinação”, concebido pelo governo do DF. 

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É preciso criminalizar o negacionismo

Vivemos em tempos tão estranhos… Umberto Eco de certa forma já os anteviu, quando disse que a internet deu voz e notoriedade a uma multidão de imbecis, até então calados e recolhidos à sua platitude. Esta pandemia, porém, ampliou o conceito, liberando as manifestações de uma manada de insensatos insipientes e conferindo crédito às suas eventuais eructações. O atual Presidente da República e seu séquito não me deixam mentir. Ouvi há algum tempo, aliás, um dos generais que dá expediente no Palácio do Planalto, dizer que não via nenhum problema em se ensinar o criacionismo nas escolas, eis que isso era apenas uma das várias versões existentes sobre a origem do homem. Para a “teoria” da terra plana certamente seria a mesma coisa. Assim, na visão desse grupo, o fenômeno da “gripezinha”, o uso da cloroquina, o endosso a aglomerações, a origem “comunista” do vírus, a decisão de salvar primeiro a economia, a ocupação militar do Ministério da Saúde, além de outras “verdades” estabelecidas por saturação nas redes sociais e na propaganda oficial, seriam versões ou opiniões, porém validadas implicitamente pela ausência de provas contrárias. Entenda-se por “provas” aquilo que já estaria incorporado ao discurso oficial; fora disso, é puro mimimi. E assim, la nave va. Mas agora, mais do que nunca, é preciso ouvir o que gente realmente séria está pensando e falando, seja sobre a pandemia, a economia, a democracia, além de outros temas. E assim trago aqui uma economista que tem respeito internacional, Monica De Bolle. Ela é brasileira, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics e professora da Johns Hopkins University, tudo isso in USA. Para os bolsonaristas, que consideram como “intelectual” e “filósofo” um astrólogo boquirroto e dinheirista refugiado nos EUA, Monica não passaria de mais uma comunista impatriótica. Mas deixa pra lá.

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Ações da SES-DF (enquanto a pandemia rola…)

Estamos longe de um respiro na atual pandemia, mas afinal a vida continua e outras coisas na saúde devem continuar a ser feitas, eis que o único problema que temos no horizonte certamente não é o do coronavirus. Mas antes de ir ao foco de hoje, alguns dados sobre a pandemia em nossa cidade: são 198.807 casos confirmados e 615 casos novos, até o dia 8/10, com 3.398 mortes, sendo que sete óbitos foram confirmados só nesta última sexta-feira. Quanto aos leitos de UTI disponíveis para COVID-19, eles são, na rede pública, 509, com um pouco mais da metade ocupados; na rede privada são 224, com 155 estão ocupados. Enquanto isso, no Brasil, temos são 5,1 milhões de casos confirmados e 149.639 mortes. Mas enfim, enquanto isso acontece, o que vem fazendo o GDF, com foco neste e nos outros problemas que afetam a saúde na cidade? Para saber dos problemas, poderíamos recorrer à mídia local e certamente se falaria lá de filas de espera, falta de funcionários, carência de materiais etc. Mas tentei encontrar aquilo que o governo de fato está fazendo, ou pelo menos o que divulga, na página da SES-DF, em uma amostra dos últimos 10 dias.

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Direita, Esquerda e Covid-19: reflexões à luz de Norberto Bobbio

Cloroquina é de direita; isolamento é de esquerda. A morte, que deve ser ambidestra, espreita igualmente a todos.  Entre tantos prejuízos que a presente pandemia já nos legou – e com reflexos inquestionáveis para o futuro – está a da polarização ideológica. Como falou Chico Buarque, esta é com certeza mais uma “página infeliz de nossa história”. Nada poderia descrever, como em tal frase, o momento de desdita, desgoverno e desvario em que estamos imersos. Um presidente intelectualmente tosco e irresponsável, com seguidores tão ou mais ignorantes do que ele, que conseguem politizar a seu favor, num balaio só, a cloroquina, o confinamento, o distanciamento social, o uso de máscaras e as verdades científicas, sem que isso tenha mudado em nada após tal personagem de ópera bufa, mas trágica em suas consequências, ter contraído a doença. Enquanto isso, coveiros fazem hora-extra para abrir sepulturas suficientes para as vítimas do vírus e multidões marcham alegremente para as praias e as baladas. O ponto a que chegamos: acreditar em microbiologia, imunologia, epidemiologia, metodologias de análise e na ciência, enfim, virou coisa de esquerdista, enquanto sua negação é ostentada orgulhosamente pelos que se dizem de direita. E morrer de Covid, é de direita ou de esquerda? Tristes tempos, nos quais todos nós, seja de uma banda ou de outra, os que acham que ideologia é só a dos outros e os que a reconhecem e aceitam, estaremos pagando um alto preço por tanta besteira. Continue Lendo “Direita, Esquerda e Covid-19: reflexões à luz de Norberto Bobbio”

Covid-19 não é para principiantes…

Através da Deputada Arlete Sampaio, que tem divulgado com presteza diária e muita responsabilidade um boletim sobre o andamento da pandemia de coronavirus em nossa cidade, fico sabendo que o DF tem hoje (dia 14 de agosto) 133.166 casos confirmados da doença, praticamente dois mil casos a mais em apenas 24h. As mortes já chegam a 1.935, das quais 30 confirmadas neste mesmo dia. A situação dos leitos de UTI é a seguinte: na rede pública, 749  leitos com respiradores, sendo 492 ocupados (70,39% ); na rede privada, são 281 (89,05% de ocupação). É realmente um momento crítico, concordam não só a Deputada como o próprio Secretário de Saúde do DF, Francisco Araújo, em que pese ter o governo local liberado missas, cultos e outras celebrações religiosas. Cerveja com os amigos também está permitido. Aulas, não. E assim, como não há outro assunto relevante no cenário, resolvi manusear (mas não manipular…) os números disponíveis, buscando, mais uma vez, comparar a situação do DF com a de outras cidades. Sim, porque como venho afirmando aqui, a comparação mais lógica é com cidades (como de fato Brasília é), e não com estados. Tomei algumas capitais, de todas as regiões do país, para fazer tal análise.

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