Covid no DF: para onde vamos? (ou “o que já não está bom pode ficar pior”)

Enquanto esperamos a Hora H* e o Dia D*, como quer o ínclito Intendente Pazuello, o qual, apesar de não saber exatamente o que vem a ser a sigla “SUS”, ocupa a pasta da saúde neste Governo de M*, cumpre indagar como vão as coisas, se não no Brasil, pelo menos aqui em nossa cidade. Para tanto preparei um levantamento das informações disponíveis, de forma simplificada, ou seja, arrolando dados a cada cinco dias desde a segunda quinzena de novembro passado, até o dia 15 de janeiro, ou seja, nos dois meses mais recentes. São informações relativas a: total de casos nas últimas 24 horas; total de óbitos em igual período; casos e óbitos totais acumulados, além da disponibilidade de leitos com respiradores disponíveis a cada momento, seja no setor público ou no privado. Acrescento algumas considerações sobre um assim chamado ”Plano de Vacinação”, concebido pelo governo do DF. 

Para acompanhar o raciocínio, por favor, observem os gráficos e tabelas a seguir. Em resumo, os fatos são os seguintes :

  1. Tanto o número de casos como o de óbitos, oscilantes a princípio, tiveram, nas últimas semanas, inquestionável tendência de alta.
  2. Os casos acumulados se aproximam rapidamente dos 200 mil e o de óbitos já passam de quatro mil.
  3. Da mesma forma, o número de casos registrados nas derradeiras 24 horas em relação a cada data já se aproxima de um mil.
  4. O número de óbitos em igual período mostra-se oscilante, mas nas duas primeiras semanas do ano ultrapassou as cifras anteriores de no máximo 11, chegado a 20 na primeira semana.
  5. Com toda probabilidade o acréscimo dos últimos dias poderia ser um reflexo do relaxamento das estratégias de controle, decorrente das festas de final de ano, mas praticado indistintamente pela população e pelas autoridades. 
  6. Tais dados podem estar poluídos por acúmulos de não-notificações anteriores, mas mostram seguramente a natureza ascendente da curva epidêmica na cidade.
  7. Em termos da ocupação de leitos e aparelhos (ver tabela), pelo menos temos o consolo de não ter visto a situação explodir nas últimas semanas, tanto no setor público como no privado, mas sem dúvida o crescimento recente de tal taxa é preocupante. 
  8. Uma atualização destes dados para o dia 15 de janeiro último mostra que tais tendências se mantêm, tendo o número de casos nas últimas 24 horas chegado a 706, com a ocorrência de mais sete mortes.
  9. A pandemia está longe de retroceder em nossa cidade, o que indica a necessidade não só de conscientização da população a respeito das medidas adequadas de proteção e isolamento, como maior firmeza e liderança autoridades na condução das ações de saúde pública.

Mas, enquanto isso, o que a SES DF nos oferece? Um enigmático “Plano Distrital de Vacinação”, exuberante em gráficos, tabelas, ilustrações, descrição de estruturas, dados demográficos e outras informações, mas que se cala no essencial: quanto é que começaremos a ser vacinados, durante quanto tempo, com que tipo de prioridades, mediante quais estratégias e com que modalidade de imunizante?

Melhor faria o Sr. Ibaneis e seu fiel Secretário Okumoto se deixassem de acatar de forma subserviente e acrítica o que lhes sopra o Palácio da Alvorada para tentar, pelo menos na área da saúde, atenuar, de forma responsável e baseada na ciência, a dor e o custo dessas mais de quatro mil mortes, boa parte delas evitáveis, que se acumulam a cada dia que passa.

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Veja dados a seguir:

  1. TAXA DE OCUPAÇÃO – LEITOS COM RESPIRADOR
DATASETOR PÚBLICO (%)SETOR PRIVADO (%)
15 NOV42,062,8
20 NOV37,772,3
25 NOV38,474,0
30 NOV34,070,0
O5 DEZ57,074,0
10 DEZ61,778,3
15 DEZ67,479,2
20 DEZ70,281,7
(S/ informação)
04 JAN71,568,2
11 JAN68,973,2
15 JAN 63,3 71,5
  • CASOS ACUMULADOS:
  • CASOS NOVOS / 24 HORAS:
  • ÓBITOS ACUMULADOS:
  • ÓBITOS ÚLTIMAS 24 HORAS:
  • PARA CONHECER O “PLANO DE VACINAÇÃO” DO GDF:
  • BOLETIM ARLETE SAMPAIO 15 JAN:

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As informações acima, que reputo como fidedignas, foram retiradas do Boletim Semanal sobre Covid 19 no DF, divulgado pela Deputada Distrital Arlete Sampaio, a quem agradeço.

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Ao Intendente Pazuello, caso queira se instruir melhor sobre as nobres funções que ele parece ignorar, sugiro a leitura de Pantaleão e as Visitadoras, de Vargas Llosa, onde se trata de assunto correlato a suas funções militares. Ele poderia se beneficiar em conhecer algumas das estratégias de logística e gestão de apoio sexual a soldados executadas, com grande competência, aliás, pelo Capitão Pantaleón Pantoja, em uma remota unidade amazônica do Exército Peruano. Afinal, como o Ministério da Saúde do Brasil virou uma autêntica casa da Mãe Joana, as ideias do Capitão lá deles poderiam ser úteis aqui também…

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2 respostas para “Covid no DF: para onde vamos? (ou “o que já não está bom pode ficar pior”)”

  1. Flávio, bom dia. Que bom receber os seus primeiros comentários de 2021! Agora, o meu sonho é o General Pesadelo transformar-se em um Capitão Pantaleão. Grande abraço.

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  2. Alô Flávio, que bom que voltou. A gestão da pandemia vai dar um belíssimo estudo sobre o federalismo, não é? Um grande abraço. Mauro

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